Das diversas tecnologias disruptivas que estão a transformar o mundo, uma das mais promitentes é a Inteligência Artificial (IA). Por vezes, até pode parecer ficção científica, mas os seus princípios são bastante básicos: são identificados padrões nos dados e aplica-se a lógica para iniciar uma ação – embora mais rápida e precisa do que humanamente possível.
Aplicando a mesma teoria ao setor da energia, os algoritmos de IA conseguem processar grandes volumes de dados para, por exemplo, identificar padrões de anomalias e a partir daí fazer uma previsão da ocorrência e até mesmo prescrever a solução mais adequada para a sua resolução.
Estamos a aproximar-nos rapidamente do ponto em que a energia não é produzida nem consumida centralmente.
Os consumidores conectarão os seus dispositivos – incluindo aparelhos inteligentes – à Internet. Uma adoção mais ampla da tecnologia significará uma geração de dados ainda maior. A IA irá tratar esses dados de uma forma rápida, identificando padrões de comportamento e fazendo previsões precisas sobre a oferta e a procura de energia. Mais dados traduzem-se em informação mais profunda e detalhada, que permite, por sua vez, uma rede mais “inteligente”, estável e autónoma.
Embora a inteligência artificial potencie as capacidades humanas, muitas das suas limitações são consequência das suas próprias fragilidades.
Algoritmos de aprendizagem profunda (deep-learning), por exemplo, são desenvolvidos através do processamento de grandes volumes de dados. É necessário também lidar com a privacidade e a segurança dos dados
No setor energético observa-se que as grandes empresas estão atentas às startups, que começaram a lançar soluções potenciadas por IA que são “smart” e que os clientes gostam. A inovação e agilidade, que bem as caracteriza, vão corroer os modelos de negócio “acomodados” das empresas tradicionais.
Olhando para o futuro, talvez de um modo um pouco romântico, uma conjugação entre a “Internet das Coisas e blockchain reinventarão a entrega e comercialização de energia, integrada em serviços.
Apesar de todos os avanços tecnológicos em curso, muitas empresas não estão a tirar partido da onda da inovação e arriscam perder parte ou a totalidade de seus negócios para os concorrentes mais ágeis e ousados.
Avançar com a IA deve-se levar em conta: definir a estratégia de IA, envolvendo os negócios em como conseguir a transformação; desenvolver experimentação inicial, com startups ou laboratórios internos de inovação ou programas de aceleração e recorrer a pilotos e casos de teste para entender o que a IA é, e o que poderá fazer pelo negócio. É recomendável a utilização de uma “fábrica de casos de uso” para que o desenvolvimento e análise sejam executadas de uma forma ágil, estruturada e controlada.
A IA complementa a inteligência humana, em vez de a substituir. Não tem todas as respostas para o futuro da energia, mas é um meio que facilita a obtenção de respostas.
As empresas que começam a integrar e a testar algoritmos de IA na sua cadeia de valor estão mais próximas de entender e entrar no ecossistema de startups inovadoras que vão transformar o sector da energia.