Depois da irredutível crise do subprime despontada em 2008 – também conhecida como a “crise das hipotecas” – a recuperação do mercado ainda não é absoluta, tem sido um tanto ou quanto irregular, mas já se vislumbram sinais de uma fénix renascida das cinzas.
Os bancos começam então a alargar os requisitos mínimos para solicitar empréstimo para habitação, o que, conjugado com taxas de juro em mínimos históricos, faz crer que é o momento para avançar neste grande compromisso financeiro e preparar um crédito à habitação.
1. Ready, Set, Go: construa um bom historial
Para os analistas de risco do seu banco, o historial de crédito é tudo. Quando precisou de comprar uns óculos graduados com aquelas lentes caríssimas que teve de encomendar, liquidou o crédito pessoal solicitado na totalidade e sem falhas? E quanto às compras de Natal do ano passado que pagou com o cartão de crédito? Não deixou nada em atraso?
Se a resposta a estas questões é “sim”, então não tem com que se preocupar. Se não possui um histórico de pagamentos de créditos, até seria benéfico começar a ter, pois isso é bem percecionado pelas instituições financeiras e mostra que é um cliente digno de confiança.
Mas atenção: não contraia créditos pessoais ou de outra natureza entre seis a dozes meses anteriores a preparar um crédito à habitação, porque muitos pedidos recentes podem despoletar um alerta vermelho e fazer com que as instituições financeiras pensem que está desesperado para ter um crédito. O melhor é construir o historial com antecedência.
2. Reduza a taxa de esforço
Para efeitos de avaliação do pedido de crédito, os bancos vão olhar sempre para a taxa de esforço – ou seja, vão confrontar os seus rendimentos mensais com as dívidas que tem por pagar. Isto vai indicar-lhes precisamente como preparou as suas finanças para obter um crédito à habitação e quão confortavelmente vai conseguir suportar uma dívida tão avultada.
Neste sentido, calcule a sua taxa de esforço (saiba como aqui) para ficar a saber quanto do seu rendimento irá para pagar a casa dos seus sonhos todos os meses. Quanto mais reduzido for este indicador, mais fácil será para si.
3. Escolha o tipo de crédito à habitação mais adequado
Deve escolher o crédito à habitação com taxa fixa ou variável? Nesta altura do campeonato, é benéfico contratar com variável, porque as taxas de juro estão negativas, o que faz com que as prestações mensais sejam mais baixas para o consumidor. No entanto, não se consegue prever quando é que a EURIBOR volta a aumentar novamente e fará disparar a mensalidade da casa.
Para quem se quer prevenir das oscilações do mercado, nada como a taxa fixa: é sempre a mesma durante todo o período – dá mais segurança ao devedor. Existem ainda soluções mistas, que combinam ambas as modalidades: dá para fixar a taxa durante 10 anos, por exemplo, e depois o resto do empréstimo é indexado à EURIBOR.
4. Simule, compare e poupe ao preparar um crédito à habitação
Como tudo na vida, quanto mais informado estiver, melhor para si. À partida, é normal que tenha preferência pelo banco com o qual já possui uma relação há muitos anos (onde tem conta, cartões, etc…). Mas pedir um empréstimo para habitação deve ser algo bem ponderado, decidido com tempo e consciência.
Visite várias instituições, peça diversas simulações. Ao longo deste processo, tenha em conta não apenas a prestação que vai pagar por mês, mas também o montante total imputado ao consumidor (o verdadeiro valor final da casa, que pagará após a liquidação do capital e dos juros).
Para tal, veja quanto é que o banco está a cobrar na Taxa Anual Efetiva – esta é muito fiável para a comparação porque reflete todas as comissões cobradas durante o empréstimo, o indexante e o próprio spread. Quanto menor for, mais poupará.
Analise ainda as cláusulas contratuais e as condições que os bancos oferecem. Se escolher um empréstimo com taxa variável, prepare-se para um eventual aumento da mensalidade.
5. Preparar um crédito à habitação: negoceie o spread
A maior parte dos bancos vai baixar o spread se aderir a outros produtos financeiros, tais como a domiciliação do ordenado (receber o salário automaticamente na conta à ordem), cartões de crédito e contas-poupança. Contratar mais serviços do banco pode ser um bom método para negociar com a instituição e ter uma solução que seja mais favorável.
Lavrar o terreno das suas finanças para preparar um crédito à habitação pode parecer simples (e é), mas requer tempo e boas decisões – implica plantar para depois colher. Coloque-se no papel da instituição financeira.
Quando empresta dinheiro a um amigo ou familiar, por exemplo, deseja tê-lo de volta, certo? O mesmo acontece com os bancos que concedem financiamento. Se se preparar com estes conselhos, não há como duvidar de que consegue.
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