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Como resolver o SNS? “Com governança”, diz especialista

O professor Nadim Habib dá a receita para resolver os problemas do Sistema Nacional de Saúde e sugeriu que é preciso tornar os hospitais mais ágeis, o que obriga que a tomada de decisão sobre um paciente, seja tomada mais próxima do utente e não de forma central, como acontece atualmente.
15 Abril 2019, 20h28

Um dos problemas do Sistema Nacional de Saúde (SNS) consiste no facto de as decisões serem tomadas longe dos utentes. Um dos ingredientes para resolver os problemas que assolam o SNS consistiria em agilizar o SNS, de forma a que os profissionais da saúde possam tomar “a decisão certa, na hora certa e no local certo”, disse o professor Nadim Habib, durante o debate “Que desafios para a saúde”, inserido no ciclo de conferências “fim de tarde na SEDES com quem sabe”, do qual o Jornal Económico é media partner.

Esta alteração de paradigma na tomada de decisão no seio do SNS exige, desde logo, “governança”. Isto é, “um governo que pensa como governante e não como um executivo [empresarial]”, salientou Nadim Habib.

O professor, um ávido estudioso do setor da saúde, deu a receita para implementar esta alteração de paradigma na tomada de decisão mais próxima do utente.

É necessária clareza estratégica para que os hospitais possam fazer “um diagnóstico profundo do desafio” que têm para resolver – “algo que não há na saúde”, alertou Nadim Habib. “O que nós temos na área da saúde é: diz-se que nós temos de escolher e que não se pode ter tudo”, denunciou o professor. Mas, na sua opinião, “os médicos são cientistas” e, por isso sabem como tornar o sistema mais eficiente, podendo ter autonomia nas decisões.

Depois, é preciso uma “enorme disciplina”. Isto porque, “se dou autonomia, preciso de disciplina”, explicou. É neste ponto que reside uma curiosidade na tese de Nadim Habib – ao invés do senso comum, disciplina acrescida pressupõe menos regras. “As regras que nós temos são porque não temos uma clareza de estratégia, por isso são regras de controlo. A maioria dos médicos com quem falo dizem que não têm tempo para almoçar, por isso precisam de regras de controlo para quê?”, questionou o professor.

Aliada àqueles dois ingredientes, Nadim Habib, é depois necessária “uma cultura de alta performance”. “Os médicos estão continuamente a melhorar e não sei de onde vem esta ideia do médico esbanjador”, frisou o professor. “Uma cultura de alta performance vê-se nas organizações onde as pessoas sentem que fazem parte de uma equipa vencedora, isto acontece quando qual é o plano para vencer, como é o plano e como se executa o plano”.

 

 

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