Um contrato social é o conjunto de acordos implícitos e explícitos que permitem que os cidadãos convivam numa sociedade civil, refletindo um entendimento comum quanto à forma de distribuir o poder e os recursos de modo a alcançar a justiça social. Estes acordos são dinâmicos, e procuram promover a estabilidade, equilibrando as relações entre cidadãos e governo, trabalhadores e empregadores, o individual e o coletivo.
Os contratos sociais estão atualmente sob uma enorme pressão. As desigualdades económicas estão a atingir níveis extremos, fruto das forças primárias da globalização e da evolução tecnológica. Crises como a dos refugiados e movimentos migratórios introduzem uma tensão adicional sobre estes contratos.
As novas ondas de disrupção podem levar os contratos sociais a um ponto de rutura. O futuro do trabalho e o aperfeiçoamento humano pode conduzir a uma deslocação massiva do trabalho e dos trabalhadores, e, sem medidas corretivas, estas tendências podem contribuir ainda mais para o incremento das desigualdades e levar os contratos sociais a um colapso.
Entretanto, as redes sociais estão a polarizar o discurso social. Ecos e opiniões online dificultam a existência de um terreno favorável à realização de acordos políticos que promovam a reforma dos contratos sociais.
Que impactos terão estas tendências nos contratos sociais do futuro?
Diferentes sociedades alcançarão soluções distintas, contudo, independentemente da forma que venha a ser adotada, quatro princípios deverão estar subjacentes aos contratos sociais do futuro:
– Os contratos sociais deverão ser inclusivos;
– Devem estar mais alinhados com interesses e comportamentos de longo prazo ao invés do curto prazo, permitindo responder aos desafios coletivos do futuro;
– Devem ser baseados no mercado e no setor privado;
– Os governos irão desempenhar um papel fundamental no realinhamento entre os interesses do setor privado e as necessidades de longo prazo da sociedade.
Para além dos quatro princípios acima mencionados, fatores como a democracia., desigualdade, educação, regulação e métricas, terão também de ser endereçados.
Na EY acreditamos no poder das perguntas, por isso terminamos com algumas questões para reflexão:
– Como irão cidadãos, governos e empresas estabelecer contratos sociais de longo prazo e mais inclusivos?
– Como irão as sociedades endereçar a desigualdade numa era de automação?
– Que responsabilidades terão as empresas de combater a desigualdade?
– Como medir e reportar o alinhamento com os objetivos e interesses de longo prazo?