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Companhias obrigadas a voar sem passageiros emitem 2,1 milhões de toneladas de gases poluentes

Para evitar a perda de ‘slots’ nos aeroportos europeus, as companhias aéreas são obrigadas a realizar voos sem passageiros. Greenpeace estima que este inverno a prática possa gerar até 2,1 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
26 Janeiro 2022, 14h04

Estima-se que este inverno as companhias aéreas europeias realizem cerca de 100 mil “voos fantasma” como forma de evitar a perda de slots nos aeroportos, revela uma análise conduzida pela Greenpeace. O alerta já tinha sido emitido “CNBC“, mas agora a organização ambiental sem fins lucrativos vem alertar que a prática poderá gerar até 2,1 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa (GEE), o equivalente às emissões produzidas por 1,4 milhão de carros a gasolina ou diesel durante um ano.

Ao “The Guardian”, esta quarta-feira, o porta-voz da Greenpeace, Herwig Schuster diz que ” a Comissão Europeia ao exigir que as companhias aéreas façam viagens de aviões vazios para cumprir uma cota arbitrária não é apenas poluente, mas extremamente hipócrita, dada sua retórica climática”.

O responsável relembra que, por causa da pandemia, as emissões de gases poluentes emitidas pelos transportes tem disparado de forma substancial e que por isso seria “irresponsável por parte da UE” continuar a permitir que aviões vazios continuem a levantar voo e não remeter essa aposta para a ferrovia.

Tim Johnson, diretor da Federação Ambiental de Aviação considera que as conclusões da Greenpeace como “acertadas”, argmentando que

“Parece um exemplo de desperdício na indústria e acho que as pessoas ficarão surpresas com a escala disso”, disse ele. “Isso sugere um problema real de companhias aéreas serem forçadas a operar voos vazios ou com muito baixa ocupação para manter seus slots”.

Muitas companhias aéreas já expressaram frustrações com concorrentes, apontando que a principal regra das ‘slots’ é “usa ou perde”, estabelecidas diretamente pela Comissão Europeia. No entanto, esta regra foi suspensa em março de 2020 devido à pandemia de Covid-19, estando a ser gradualmente reintegrada nos aeroportos europeus outra vez, com as companhias a terem de usar 50% das suas ‘slots’ atualmente.

O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr reiterou que a companhia aérea alemã poderá ser obrigada a voar 18 mil “voos extras e desnecessários” para cumprir as regras ajustadas. Entre janeiro e março de 2021, revelou fonte da companhia ao jornal britânico, apenas 45% dos voos estavam cheios.

Os outros 5%, ou 18 mil voos, “definimos como desnecessários”, acrescentou o porta-voz. “Se não corrêssemos o risco de perder slots em certos aeroportos da Europa, provavelmente tinham sido cancelado”, revelou.

Os eurodeputados socialistas no Parlamento Europeu continuam a exigir respostas sobre o problema e até a jovem ativista Greta Thunberg, líder da greve climática estudantil, publicou no Twitter, ironicamente que “a UE  está claramente em modo emergência climática”.

Quanto ao assunto, a Comissão Europeia nega que as transportadoras aéreas estejam  a operar “voos fantasma” ou que suas regras de slot “use ou perca” tenham criado problemas.

Um porta-voz da comissão disse: “Voos vazios são maus para a economia e para o meio ambiente, e é exatamente por isso que tomamos várias medidas para que as empresas não tenham que adotar essas práticas. Se as companhias aéreas decidirem manter os voos vazios, isso é uma decisão da empresa, que não é resultado das regras da UE”, frisou.

O sector da aviação é responsável por 14% das emissões de carbono nos transportes, sendo a segunda maior fonte de emissões de gases de efeito de estufa, ficando apena atrás do transporte rodoviário.

 

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