[weglot_switcher]

Compra de ativos pelo BCE em Portugal é de nível similar ao défice, conclui instituto alemão

“A análise mostra que para Itália, Grécia, Portugal e Alemanha, as compras líquidas são de magnitude semelhante ou até maior do que os respetivos défices públicos dos países”, refere o ZEW.
  • Reuters
9 Dezembro 2020, 15h29

O nível de compra de ativos portugueses ao abrigo dos programas do Banco Central Europeu (BCE) foi de nível similar ao do défice nacional, de acordo com o instituto económico alemão ZEW.

“A análise mostra que para Itália, Grécia, Portugal e Alemanha, as compras líquidas são de magnitude semelhante ou até maior do que os respetivos défices públicos dos países”, pode ler-se no documento divulgado na terça-feira.

As estimativas do ZEW “revelam o envolvimento indireto substancial dos bancos centrais nacionais [que executam os programas do BCE] no financiamento dos países do euro”, de acordo com a economista Annika Havlik, co-autora do estudo.

O foco principal do documento assinala que “as compras de ativos do Eurosistema desde o início da pandemia de covid-19 desviam-se significativamente da tabela de repartição de capital do BCE em termos da sua alocação entre os países da zona euro”.

“Relativamente à tabela de repartição do capital, as compras de ativos do Governo italiano desviaram-se até 25% entre março e setembro, ao passo que a percentagem de compras da Espanha excedeu a sua tabela nacional em 11%, a Bélgica 7%, e a Eslovénia e a França 3% cada”, pode ler-se no documento.

Os programas de compra de ativos do BCE dividem-se no PSPP (Programa de Compras do Setor Público) e no PEPP (Programa de Compras de Emergência Pandémica), adotado na sequência da crise económica causada pela pandemia de covid-19.

De acordo com o estudo do ZEW, e apesar dos requisitos do PSPP serem mais restritos que os do PEPP, os desvios são maiores no programa pré-pandemia.

Ao passo que as compras do PEPP de ativos públicos italianos excedem a tabela de repartição em 17%, o desvio é ainda maior no PSPP, em cerca de 45%, pode ler-se no documento, registando-se a mesma inversão no caso francês, e no caso alemão estão alinhados no PEPP, mas 46% abaixo no PSPP.

“As diferenças entre os dois programas são assinaláveis. Olhar apenas para o PEPP seria enganador. Quase dá a impressão de que o Eurosistema está a fazer cosmética no balanço. A vista geral mostra que as tabelas de repartição são ignoradas a uma escola muito maior do que os números do PEPP, isolados, mostram”, disse Friedrich Heinemann, co-autor do estudo.

O estudo conclui que “os programas de compras de ativos nesta escala devem acabar depois da crise da covid-19”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.