O mercado imobiliário, nomeadamente em Lisboa, volta a ser um hot topic entre os jovens não apenas entre os millennials (os nascidos entre 1980-1994), mas também para a nova geração que vê de olhos arregalados os acontecimentos recentes.

Muitos de nós nascemos a observar e a aprender com os nossos pais. Contudo, devemos rebentar a bolha e perceber que não iremos ter a sorte que estes a tiveram e que, infelizmente, não passa de tudo uma ilusão. O suposto caminho seria que cada geração tivesse uma vida mais confortável do que a anterior, cada uma com os seus próprios obstáculos a combater, sendo em muitos casos verdade, mas por outro lado observamos um retrocesso, nomeadamente, no ato de procurar casa para viver e no começo de constituir uma família.

Segundo o Banco de Portugal, apenas 10% dos créditos à habitação existentes este ano foram concedidos a jovens com menos de 35 anos, sendo que no último ano, o preço das casas subiu em média 5,9%, de acordo com o portal Idealista. Este fenómeno é uma clara consequência entre inflação, o mecanismo de mercado entre procura e oferta, e por último a especulação. Também a estagnação do salário médio, que cresceu apenas 5,2% nos últimos anos em comparação com o salário mínimo que no mesmo espaço temporal praticamente duplicou (45% segundo dgert), torna a situação mais crítica para jovens recém-formados, que cada vez mais se sentem conformados com a ideia de emigrar.

Lembro-me de uma vez, quando estava a conversar com o meu pai, que me disse “comprar casa é o melhor investimento que podes fazer na vida” e eu pergunto-me porquê? Se compramos uma casa nova, como é que depois de 20 anos conseguirá esta duplicar o seu valor quando, a casa não saiu do sítio para algum bairro melhor, não a poderemos considerar como “nova construção” e os aparelhos que poderiam vir com a casa, como fogão forno etc., já deveriam dar problemas devido à idade. Apesar de não ser o único problema, a especulação imobiliária é um mecanismo bastante perigoso que afeta a nossa sociedade sem lhe atribuirmos a relevância que esta tem no nosso dia a dia.

Contudo, a falta de oferta é uma das maiores razões pelo aumento do preço da venda das casas que de acordo com Paulo Barros Trindade, presidente da Associação Profissional das Sociedades de Avaliação (ASAVAL), em entrevista para a Rádio Renascença, “a seguir à crise financeira, existia um stock muito grande de imóveis para comercialização e, como o setor financeiro tinha cortado substancialmente o crédito, esse stock foi-se acumulando durante a crise e, praticamente, deixou de haver construção nova. A seguir à crise financeira e com a abertura dos bancos para o crédito, todo esse stock foi comercializado, mas não se assistiu ao mesmo tempo ao aparecimento de novos empreendimentos imobiliários”, acrescentou. Desta forma, se a oferta não reflete a procura, deveria ser feito um incentivo para as empresas investirem, aumentando o stock de imóveis existentes no mercado.

Em suma, estes fatores tornam a procura de casa menos atrativa para os jovens do nosso país, devendo ser um tópico relevante para o desenvolvimento e sustentabilidade do nosso país.

O artigo exposto resulta da parceria entre o Jornal Económico e o ITIC, o grupo de estudantes que integra o Departamento de Research do Iscte Trading & Investment Club.