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Comprar casa em Lisboa exige mais 20 anos de trabalho do que em Coimbra

Três meses de trabalho não pagam um metro quadrado em Lisboa. Uma família que compre uma casa com 100 m2 na capital, vai ficar a pagar uma prestação ao banco durante mais de 45 anos. Já na capital dos estudantes, 23 anos de trabalho chegam para pagar a dívida.
6 Maio 2019, 10h41

O preço do metro quadrado (m2) em Portugal varia bastante consoante a localização do imóvel. E Lisboa continua a ser a zona mais cara, com valores muito mais elevados face ao resto do país. Com um “cheque” de duas centenas de milhares de euros, uma família, consegue comprar, em média, uma casa com apenas 64 m2 na capital. Mas se subir ligeiramente no mapa e escolher Santarém, por exemplo, 146 mil euros, compram um imóvel com 172 m2.

Para além da dimensão da casa poder mais do que duplicar, saindo de Lisboa, também o prazo de pagamento do empréstimo ao banco pode diminuir substancialmente. Se optar por comprar em Coimbra, e tendo em conta uma casa com 100 m2, vai demorar 22 anos para saldar a dívida ao banco. Já em Lisboa, o tempo duplica, passam a mais de 45 anos.

Esta é a conclusão de um estudo feito para o Jornal Económico, pela plataforma de simulação gratuita de produtos financeiros “ComparaJá.pt”. A plataforma analisou qual o valor máximo de crédito à habitação acessível a cada família, tendo em conta um empréstimo a 40 anos, o salário médio (dados da Pordata) e o custo médio por metro quadrado da sua região (dados dos portais Casa Sapo, Idealista e Imovirtual). Para a análise, foi tido em conta um valor de financiamento de 80% do valor de aquisição e uma TAEG de 2,9%, considerando os restantes 20% como a poupança necessária para fazer face ao valor da entrada inicial.

A análise, feita aos 18 distritos que compõe Portugal Continental e inclusive Madeira e Açores, indica que há quatro regiões onde comprar uma casa com 100 m2 implica ficar com uma prestação ao banco durante mais de 40 anos. São elas: Lisboa, Faro, Porto e Madeira. Já no interior do país – Castelo Branco, Portalegre, Viseu, Bragança e Guarda – os mesmos 100m2 vão demorar menos de metade do tempo a pagar, entre 15 e 17 anos.

Os dados da “Comparajá.pt” mostram ainda que, apesar do salário médio em Lisboa ser o mais alto entre os distritos analisados (852 euros), um casal que pretenda adquirir uma casa com 100 m2 vai precisar de poupar mais de 10 anos para a entrada inicial. Com o metro quadrado a valer mais de três salários médios mensais, 3.172 euros, uma família que ganhe 1.704 euros por mês, consegue obter um empréstimo bancário máximo de 253.725 euros, quando o valor total do imóvel ultrapassa os 317 mil euros. E vai pagar ao banco uma prestação mensal de 562 euros.

Se viajarmos até à Guarda, onde a média salarial é das mais baixas do país (550 euros), é possível adquirir uma casa com o mesmo tamanho por menos 77% do preço cobrado em Lisboa. Ou seja, 72.991 euros. Um casal que opte por assentar nesta região, vai precisar de poupar pouco mais de três anos para a entrada inicial e a prestação da casa rondará os 363 euros mensais.

A plataforma “Comparajá.pt” deixa o alerta: “através desta análise é possível perceber a necessidade de se fazer uma análise criteriosa à capacidade financeira na hora de se solicitar um empréstimo. Sendo os valores ilustrativos, é fundamental que cada família faça individualmente o cálculo da taxa de esforço específica, por forma a não pressionar a taxa de esforço acima do recomendável e consequentemente evitar o sobreendividamento”.

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