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Conflito Sérvia-Kosovo: Belgrado exige retirada da polícia kosovar

Quando essa retirada acontecer, o governo sérvio promete reavaliar a prontidão máxima em que o exército é mantido desde 26 de maio. Altos representantes da União deslocam-se aos dois países na próxima semana.
2 Junho 2023, 18h01

Nemanja Starovic, secretário de Estado do Ministério da Defesa da Sérvia, afirmou que a retirada das forças especiais da Polícia do Kosovo estacionadas no norte do país é um passo fundamental para a diminuição da tensão que se vive na região. Só depois disso, afirma o Ministério, é que o governo liderado por Alexandar Vucic reavaliará o estado de prontidão máxima das suas tropas.
“Depois disso, pode haver aquele segundo passo que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, mencionou”, disse Starovic à Radio Free Europe, mencionando a retirada das forças policiais e a reavaliação por parte de Belgrado.
Recorde-se que, a 26 de maio, o governo sérvio colocou o exército no “mais alto nível de prontidão de combate” e deslocou unidades e equipamentos de combate na fronteira com o Kosovo, depois de a polícia kosovar ter atuado para abrir as portas os municípios aos membros eleitos nas eleições locais de abril.
A polícia do Kosovo entrou nas instalações municipais de Zvecan, Zubin Potok, e Leposavic – municípios kosovares onde vive a maioria dos sérvios instalados naquele país – alegadamente para ajudar os novos presidentes de câmara dos municípios do norte do Kosovo a aceder às instalações oficiais. Os novos presidentes foram escolhidos nas eleições realizadas há cerca de um mês – que os sérvios boicotaram e cuja participação foi de 3,47% do número total de eleitores registados.
A população sérvia revoltou-se com a iniciativa da polícia e foram ouvidos tiros em Zvecan e em Zubin Potok, tendo sido lançado gás lacrimogêneo em Leposavic. As autoridades do Kosovo culparam as “estruturas criminosas e ilegais” sérvias pelos distúrbios. “A violência não vai prevalecer. A Sérvia tem total responsabilidade pela escalada”, disse o gabinete da presidente do Kosovo, Vjose Osmani.
Entretanto, Chris Murphy, membro da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, apelou a que as unidades policiais especiais do Kosovo retirem e a que a Sérvia tome medidas reais para acabar com os protestos. Murphy disse ainda que o Kosovo deve agendar novas eleições e aceitar a formação de uma União de Municípios de maioria sérvia.
Por seu turno, a Lista Sérvia (partido que tenta agregar os votos dos sérvios que vivem no Kosovo e que tem representação no Parlamento kosovar) acusou o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, de acusar de forma infundada e de “desenhar um alvo na testa” dos membros da comunidade sérvia no norte do Kosovo ao ler, em pleno Parlamento, os nomes dos sérvios que considera responsáveis pelos distúrbios no norte. O discurso de Kurti revela bem a tensão que se vive na região desde há uma semana.
Paralelamente, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Kosovo, Donika Gervala, disse também no Parlamento que o seu governo prossegue as conversações com os parceiros internacionais, a quem “pretende convencer” da “correção das nossas posições”.
Mas os parceiros ocidentais parecem pouco dispostos a serem convencidos. Vários países estão a aumentar a pressão diplomática sobre o Kosovo para reduzir a tensão no norte, entre eles a França e a Alemanha – responsáveis pelas últimas negociações entre os dois países dos Balcãs, e a União Europeia.
Segundo informações oriundas da região, espera-se que dois diplomatas ocidentais, Miroslav Lajcak e Gabriel Escobar, representantes especiais da União Europeia, visitem o Kosovo e a Sérvia na próxima semana.

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