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Congressistas democratas pressionam operadores a retirar Fox News e outros canais conservadores

Anna Eshoo e Jerry McNerny enviaram carta a maiores empresas do cabo, satélite e ‘streaming’ em que apelam a que deixem de oferecer aos clientes a Fox News, a Newsmax e a OANN, que descrevem como “disseminadoras de desinformação” e responsabilizam pela invasão do Capitólio por apoiantes de Donald Trump.
  • Fox News Estúdio
24 Fevereiro 2021, 07h55

Os congressistas democratas Anna Eshoo e Jerry McNerny, eleitos para a Câmara dos Representantes pelo estado da Califórnia, enviaram cartas a uma dezena de operadores de cabo, de satélite e de streaming norte-americanas nas quais apelam a que deixem de oferecer aos clientes estações de televisão noticiosas de orientação conservadora, como a Fox News, a Newsmax e a One America News Network (OANN).

A iniciativa foi justificada pelos dois membros da Comissão de Energia e Comércio do Congresso dos Estados Unidos por considerarem que esses canais “disseminam desinformação” vista por milhões de telespectadores, nomeadamente quanto aos resultados eleitorais e à pandemia de Covid-19.

Nas cartas enviadas aos responsáveis da Alphabet (que detém a Google), da Altice, da Amazon, da Apple, da AT&T, da Charter Communications, da Comcast, da DISH, da Hulu (detida pela Disney), da Roku e da Verizon, os dois congressistas escreveram, referindo-se à cobertura das eleições presidenciais de 2020, que a Fox News, a Newsmax e a OANN “propagaram rumores e teorias da conspiração que resultaram em conteúdos com consequências verdadeiramente graves”.

Algo que, segundo Eshoo e McNerny, se traduziu na invasão do Capitólio a 6 de janeiro por apoiantes de Donald Trump, num ataque que provocou cinco mortes e deu origem a um processo de impeachment que não conseguiu os votos suficientes no Senado (teve 57, incluindo sete republicanos, quando necessitaria de 67, equivalentes a dois terços da câmara alta do Congresso) para impedir uma eventual futura reeleição do 45.º presidente dos Estados Unidos, já depois da tomada de posse do democrata Joe Biden.

“Que princípios morais ou éticos (incluindo aqueles que têm a ver com integridade jornalística, violência, informação médica e saúde pública) seguem quando decidem que canais devem oferecer ou quando devem tomar ações contra um canal?”, perguntaram os dois congressistas aos operadores de cabo, de satélite e de streaming.

Ao contrário das empresas que receberam a carta dos dois democratas californianos (Eshoo representa uma circunscrição em Silicon Valley), que se têm mantido em silêncio, a Fox News reagiu através de um comunicado oficial, no qual descreveu como “um precedente terrível” que membros do Congresso “apontem o dedo a posições políticas de que não gostam e exijam aos distribuidores de cabo que discriminem pontos de vista”. E fonte oficial da Newsmax defendeu que “o ataque à liberdade de expressão e aos direitos fundamentais protegidos pela primeira emenda da Constituição deveriam causar calafrios a todos os norte-americanos”.

Por seu lado, o republicano Brendan Carr, comissário da entidade reguladora Federal Communications Comission (FCC), descreveu o apelo lançado pelos eleitos do Partido Democrata como “uma transgressão arrepiante dos direitos à liberdade de expressão de que todos os meios de comunicação social deste país gozam”.

Enquanto isso, já nesta quarta-feira, o Comité de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes vai realizar uma audição dedicada ao tema da desinformação e extremismo na comunicação social, sendo incerto até que ponto a intenção de impedir acesso a canais noticiosos de orientação conservadora será abordada.

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