Trezentos e quarenta e sete e trinta e sete ponto nove. É este o número-chave na relação bilateral entre as duas nações que disputam o título de líder económico mundial. É também o número que faz o presidente norte-americano Donald Trump franzir o sobreolho e representa o défice comercial dos Estados Unidos com a China, em 2016, segundo o United States Census Bureau.
O chefe de Estado norte-americano e o seu hómologo chinês Xi Jinping iniciam hoje o encontro de dois dias na Florida, numa reunião que se antevê tensa e que o próprio Donald Trump já publicou no Twitter que será “muito difícil”. E se um dos pontos na agenda é a Coreia do Norte, outro passará certamente pela relação comercial entre os dois Estados.
O presidente norte-americano já deixou claro que os números das trocas comerciais entre os ambos os países estão longe de satisfazer os ideais traçados pela sua administração para a economia americana. E o futuro a quatro anos desta relação comercial terá um importante teste hoje.
Em janeiro, Donald Trump acusou a China de receber “elevadas quantias de dinheiro e riqueza dos EUA num comércio totalmente unilateral”, reforçando as declarações que fez durante a campanha presidencial que “eles estão a usar o nosso país [ÊUA] como um cofrezinho para reconstruir a China”.
As trocas comercias sino-americanas registaram um défice comercial para a balança norte-americana de 347,037.9 milhões de dólares. Em 2016, as exportações chinesas para os EUA representaram 462.813 milhões de dólares, enquanto as importações dos EUA significaram 115.775 milhões de dólares.
O défice da balança comercial norte-americana com a China é maior do que com qualquer outro país. Contudo, no ano passado a diferença diminuiu 5,5% , após ter registado um máximo histórico de 367,2 mil milhões em 2015.
Entre números jogam-se também duas posições antagónicas sobre o comércio livre. Não se pode falar numa inversão de papéis mas se a China avança na defesa do comércio livre, os Estados Unidos apelam a argumentos proteccionistas.
Trump considera que os acordos comerciais prejudicam a economia norte-americana e inspira-se nos ideais “jacksonianos” – ex-presidente dos EUA-, rejeitando a ideia que o país tem uma missão universal e relegando para segundo plano a política externa. A ideia do excepcionalismo americano continua a reinar, mas é direccionado para a política interna e as medidas que permitem reforçar os EUA como grande potência. Para os “jacksonianos” é o crescimento do país que deve estar no epicentro das preocupações do Presidente, numa sociedade que sente os valores ameaçados.
Já Xi Jinping enfrenta este ano a eleição para o segundo mandato no Congresso do Partido Comunista chinês e tem promessas económicas para cumprir. As relações externas chinesas passam também por aqui. Pequim precisa de encontrar uma forma de equilíbrio entre o crescimento económico e o aumento da dívida pública, que tem aumentado como forma de controlar o desaceleração da economia e esse é dos maiores desafios de Xi Jinping – embora a eleição do protecionista presidente norte-americano Donald Trump possa ser um trampolim para a afirmação de poder que a China tem desenhado nas últimas décadas.
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