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Conselheira de Trump explica políticas anti-imigração com massacre que nunca aconteceu

Kellyanne Conway em entrevista à MSNBC inventou o “massacre de Bowling Green” para justificar o decreto presidencial contra a entrada de imigrantes de países considerados perigosos.
  • Yuri Gripas/Reuters
3 Fevereiro 2017, 12h08

Já ouviu falar do “massacre de Bowling Green”? Se não, acredite que não é o único. No entanto, de acordo com a conselheira do novo presidente norte-americano, Kellyanne Conway, foi este massacre (do qual poucos têm conhecimento) que levou Donald Trump a fechar as fronteiras a refugiados de vários países de maioria muçulmana. E provavelmente também não sabe, mas Barack Obama fez o mesmo, alega Kellyanne Conway.

Se ficou confuso, Kellyanne Conway explica: “A maioria das pessoas não sabe disto porque não foi noticiado”. Numa entrevista ao programa Hardball, do canal MSNBC, a conselheira do novo presidente dos Estados Unidos afirma que o ex-presidente Barack Obama, há cinco anos atrás, também suspendeu por seis meses a entrada de refugiados nos Estados Unidos, depois de dois iraquianos radicalizados terem preparado o “massacre de Bowling Green”. Mas a maioria das pessoas desconhece isso porque os media não divulgaram.

Contudo, a ideia de ‘passar a batata quente’ para justificar as decisões do novo presidente não assentou em bons moldes e a falta de cobertura mediática, de que fala Kellyanne Conway, tem uma explicação: o “massacre de Bowling Green” nunca aconteceu.

O incidente a que Kellyanne Conway se deveria querer referir foi o atraso no processamento dos refugiados do Iraque, na sequência da detenção de dois iraquianos que viviam em Bowling Green, no estado do Kentucky, por alegadamente estarem a tentar enviar dinheiro e armas para a Al-Qaeda no Iraque. Mohanad Shareef Hammadi, de 25 anos, e Waad Ramadan Alwan, de 41, declararam-se culpados e estão a cumprir pena de prisão perpétua por terrorismo. Apesar disso, nunca “nenhum deles foi acusado de planear ataques dentros dos Estados Unidos”, assegura o Departamento de Justiça.

Ora Kellyanne Conway não tardou a ser “massacrada” pelo seu “lapso histórico” nas redes sociais. “Cara Kellyanne Conway, o que foi o “massacre de Bowling Green”? Nenhum de nós ouviu alguma vez falar disso. Atenciosamente, América”, escreve o produtor de cinema Michael Skolnik no Twitter. Quem sabe o erro ainda lhe vale o papel de argumentista no próximo filme do produtor.

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