É mais comum do que pensamos haver famílias que, de um momento para outro, se veem afogadas em créditos de tal forma que o vencimento, quando chega, é imediatamente cortado a metade ou mais. Crédito do carro, das férias, do telemóvel, de eletrodomésticos…

Em 2008, fomos confrontados com a ineficácia do sistema bancário na atribuição de créditos a famílias sem capacidade de os pagar. Hoje, somos confrontados com um súbito corte de rendimentos causado pelo confinamento imposto pela pandemia do novo coronavírus.

Embora estejamos a falar de situações muito diferentes e em tempos totalmente distintos, a verdade é que ou pela perda de emprego ou até pelas medidas de lay-off, o rendimento das famílias foi afetado. Entre março e maio deste ano, só a DECO recebeu 3.600 pedidos de famílias a quem prestou aconselhamento financeiro, e abriu 234 processos de intervenção, dos quais quase 60% por quebra de rendimentos.

Por outro lado os dados mais recentes do Banco de Portugal indicam que o endividamento de particulares chegou, em julho de 2020, aos 140 mil milhões de euros. Este dado por si não é necessariamente preocupante, havendo capacidade de pagar os créditos.

Aliás, comparando com julho de 2011, em que o valor ascendia aos 165 mil milhões de euros, estamos a falar de um importante decréscimo. Ainda assim, havendo um súbito banco, é importante que as famílias saibam reagir e saibam organizar as suas finanças.

Assim, perante uma situação de aflição financeira, há que começar a fazer contas, uma vez que os créditos estão pedidos, aprovados e depositados e os produtos estão comprados e não há como devolvê-los.

A consolidação de créditos pode parecer um grande palavrão, mas não é mais do que contrair um crédito com o objetivo de poder liquidar todos os outros, ficando a pagar apenas uma mensalidade, sujeita a apenas uma taxa de juro. No entanto, é preciso ter atenção a algumas diferenças nas modalidades:

  • Renovação: esta modalidade consiste em mudar as condições da entidade financeira onde se tem o crédito, e está sujeita a que essa entidade permita negociar uma troca de condições. Geralmente, permite o alargamento do prazo para que a mensalidade seja mais reduzida.
  • Consolidação: esta opção passa por pedir um empréstimo de um valor que permite amortizar todos os créditos em curso, para se poder liquidar créditos, ao pagar de uma só vez todas as dívidas, ficando apenas com um só crédito com condições mais favoráveis. Os principais objetivos de um crédito consolidado podem variar, mas geralmente são: reduzir/aumentar o prazo de devolução, reduzir a mensalidade, reduzir a taxa de juro associada (uma vez que os juros de um cartão de crédito, por exemplo, geralmente são mais altos do que os de um crédito ao consumo) e a comodidade em ter um só crédito ativo.
  • Sub-rogação: esta modalidade não é muito comum. Supõe uma mudança de entidade, caso o banco onde tem os créditos não queira negociar. Desta forma, a dívida passa para uma nova entidade que melhora as condições para adaptá-las às necessidades do cliente.

Entre estas três opções, a consolidação é que a melhor se adapta à maior parte das situações, uma vez que geralmente é possível ficar com um só crédito. Alargando um pouco o prazo de pagamento (um ano que seja), ou contraindo um crédito sujeito a uma taxa de juro mais baixa, as famílias ficam automaticamente com as finanças mais organizadas, com um plano de pagamentos único e uma situação financeira mais estável.

A Younited está há quase três anos no mercado português e, através dos dados a que tem acesso, podemos observar que os portugueses estão pouco familiarizados com a importância que um projeto de consolidação de créditos pode ter na proteção financeira.

Se antes da pandemia os pedidos de consolidação de crédito rondavam os 24% em relação a outros pedidos, agora esse valor baixou para os 20% e está entre 20% a 30% abaixo do que acontece aqui ao lado, na nossa vizinha Espanha. Esta é uma tendência que acreditamos que será revertida em 2021, pois as famílias portuguesas irão procurar soluções para aliviar o seu orçamento mensal, procurando juros mais baixos ou um custo total de crédito mais reduzido.

O receio de uma lenta recuperação económica pós-pandemia irá levar os portugueses a pensar nestas soluções porque, vale a pena reafirmar, a consolidação de créditos pode ser a salvação de muitas famílias.