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Conversações para criar o banco alemão com 1,9 biliões em ativos começam esta semana

As negociações formais para a fusão do Deutsche Bank com o Commerzbank, os dois bancos rivais de Frankfurt, vão começar esta semana. “O nosso objetivo continua a ser em nos tornarmos num banco global com um forte negócio nos mercados de capitais”, disse o CEO do Deutsche Bank.
17 Março 2019, 17h19

É oficial: as negociações formais para a fusão do Deutsche Bank com o Commerzbank, os dois bancos rivais de Frankfurt, vão começar esta semana. As equipas de gestão dos dois bancos aprovaram o início das negociações este domingo, segundo o Financial Times (FT) e a Bloomberg.

Em comunicado, divulgado esta tarde, o Deutsche confirmou o início das “discussões com o Commerzbank”, noticiou o FT. A mesma publicação também dá conta que o Commerzbank informou os investidores sobre o início das negociações, uma vez que os dois bancos acordaram hoje iniciar um diálogo “com vista a uma possível fusão”.

O Deutsche Bank e o Commerzbank são os dois maiores bancos privados alemães cotados em bolsa. Caso a fusão se concretize, o novo banco terá ativos no valor de 1.9 biliões de euros, apenas superado pelo francês BNP Paribas, e poderá empregar cerca 140 mil funcionários, escreveu o jornal britânico.

Segundo a Bloomberg, a estrutura da fusão ainda não é certa. É possível que o Deutsche necessite de levantar capital junto dos seus acionistas (cerca de 8 mil milhões de euros). Em alternativa, poderá vender algumas holdings, como o Grupo DWS.

A fusão afigura-se complexa e não tem o acordo unânime de todos os interessados (stakeholders). Desde logo, o sindicato bancário alemão, Verdi, opõe-se à operação porque estima que poderá resultar em cerca de 30 mil despedimentos.

Isto apesar do CEO do Deutsche Bank, Christian Sewing ter deixado de se opor à fusão na semana passada, e do ministro das Finanças alemão, Olfaz Scholz, querer um banco “campeão nacional” capaz de fazer frente aos bancos norte-americanos na cena internacional. Por seu turno, o CEO do Commerzbank, Martin Zielke, vê na fusão como a única opção realista para a consolidação do banco.

“Só vamos seguir opções que, economicamente, façam sentido, alavancadas no progresso que registámos em 2018. O nosso objetivo continua a ser em nos tornarmos num banco global com um forte negócio nos mercados de capitais – baseado na nossa posição de liderança no nosso mercado doméstico na Alemanha e na Europa, e com uma rede global”, disse o Christian Sewing no comunicado.

Também os acionistas dos dois bancos têm opiniões contraditórias sobre a fusão. Até ao momento, apenas a Cerberus, que detém participações nos dois bancos está de acordo (3,001% no Deutsche e mais de 5% no Commerzbank).

Ao FT, uma fonte próxima de um dos cinco maiores acionistas do Deutsche disse que o accionista “ainda não está inteiramente convencido sobre os méritos da fusão, mas que estaria disposto a apoiá-la nas condições certas”.

De acordo com o Deutsche, os cinco maiores acionistas, além da Cerberus, são a BlackRock (4,88%), a Hudson Executive Capital (3,14%), a Paramount Services Holding (3,05%), a Supreme Universal Holdings (3,05%) e C-Quadrat Special Situations Dedicated Fund (1,01%).

Por sua vez, o Commerzbank, além da Cerberus, tem uma estrutura acionista maioritariamente composta por investidores institucionais (55%), seguindo-se acionistas privados (que detêm cerca de 20%), a República Federal Alemã (mais de 15%) e a BlackRock (menos de 5%).

A fusão terá ainda de ser aprovada por três entidades diferentes – o Banco Central Europeu, o Bundesbank e o BaFin, que são, respectivamente, o regulador bancário europeu, o banco central alemão (equivalente ao Banco de Portugal) e o regulador do mercado financeiro (uma espécie de Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários).

De acordo com a publicação britânica, os analistas do DZ Bank, também sedidado em Frankfurt, escreveram uma nota aos clientes que a fusão vai acarretar “riscos de execução e lograr contribuições ligeiramente positivas para os lucros” do novo banco apenas três após a operação. Estes analistas estimaram ainda que, emboras os custos anuais caíam 2,3 mil milhões de euros, a fusão poderá acarretar cerca de 1,5 mil milhões em receitas cessantes “porque os clientes poderão deslocar-se para bancos rivais de forma a manterem relações bancárias diversificadas”.

O DZ Bank estimou também que a fusão pode custar cerca de 8 mil milhões de euros. A integração dos Deutsche e do Commerzbank numa única entidade seria responsável por metade desse valor, enquanto os restantes 4 mil milhões teriam origem numa reavaliação dos ativos do Commerzbank, que tem uma exposição de 8,4 mil milhões a obrigações do tesouro italianas.

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/deutsche-commerzbank-o-terceiro-maior-banco-da-europa-421276

 

 

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