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Costa avisa parceiros europeus: portugueses não vão pagar atrasos de outros países na transição energética (com áudio)

Costa volta a enviar recado a parceiros europeus dois dias antes de Bruxelas propor novas medidas energéticas para enfrentar o próximo inverno e reduzir dependência energética da Rússia. Na próxima semana, governos da UE reunem-se para analisar propostas.
19 Julho 2022, 06h50

Pela segunda vez em quatro dias, António Costa voltou a elogiar o caminho energético português e a criticar a dependência energética de outros países europeus face a Rússia.

As críticas tem lugar poucos dias antes da Comissão Europeia anunciar um pacote de medidas no sector da energia para precaver o próximo inverno, incluindo medidas de preparação, coordenação e solidariedade. As medidas vão ser anunciadas a 20 de julho.

Mas a 26 de julho vai ter lugar um conselho europeu extraordinário onde os governos da União Europeia vão analisar as medidas propostas pelo executivo de Ursula von der Leyen.

“Hoje se temos esta capacidade de produção de energias renováveis é porque na fatura as famílias e as empresas pagaram 17 mil milhões de euros para suportar o investimento extraordinário que o país fez para se dotar da capacidade de energias renováveis. Hoje começamos a ter o retorno desse investimento que fizemos. O que foi no passado um sobrecusto é aquilo que permite que a energia elétrica em Portugal este ano esteja a reduzir 3,7% quando todas as outras fontes estão a aumentar brutalmente os seus custos.  Foi um investimento que valeu a pena, mas fizemos a nossa custa, não foi um Fundo de Transição Justa que agora foi criado, mas foi com o esforço dos portugueses e das empresas portuguesas”, começou por dizer hoje o primeiro-ministro.

“É por isso que quando pedem solidariedade com a Ucrânia dizemos que sim: com as famílias que procuram Portugal; com o apoio militar, apoio financeiro; solidários com os parceiros de leste e reforçamos a presença de forças militares no leste europeu; operação no Porto de Sines para acelerar o fornecimento de gás natural aos países que dependem dos portos altamente congestionados no norte da Europa ou nos países bálticos”, continuou, no seu discurso durante a inauguração das duas barragens da Iberdrola em Ribeira de Pena, distrito de Vila Real.

“Mas a solidariedade significa também que não vamos fazer pagar aos portugueses, depois de investirem 17 mil milhões de euros em renováveis, custos suplementares para compensar o atraso em que outros se colocaram quando podiam e deviam ter feito investimentos como nós fizemos nas energias renováveis. E este investimento para nós vai ter de continuar”, defendeu.

“Não há nenhum país que defende o ambiente se não for independente e a independência hoje começa na energia e temos que agilizar a capacidade de aumentar a produção de energia renovável”, afirmou, destacando que o Conselho de Ministros desta semana vai aprovar um Simplex para acelerar o licenciamento de energias renováveis, como já tinha revelado na semana passada.

“Há uma outra batalha fundamental que é preciso travar: por termo ao isolamento que a Península Ibérica tem do mercado único de energia. Durante anos temos sido privados do que são os  benefícios do grande mercado europeu de energia”, enumerou.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro já tinha criticado as escolhas energéticas de outros parceiros europeus. “tivessem os outros países europeus feito a aposta que fizemos e seguramente os outros países europeus não estariam a financiar o senhor Putin”, afirmou a 15 de julho.

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