[weglot_switcher]

Cotec Portugal cria “rede social” para internacionalização de tecnológicas

A plataforma digital para aceleração das exportações de tecnologia nacional será lançada este mês e pretende ter 150 empresas inscritas até ao final do ano. As cinco primeiras multinacionais “âncoras” neste processo serão Altice, Brisa, Galp, Glintt e Siemens.
9 Junho 2023, 13h45

Portugal prepara-se para ter uma nova plataforma digital para empresas se ligarem entre si e agilizarem a internacionalização de tecnologia nacional. Chama-se “Connect 4.0”, foi desenvolvida pela Cotec Portugal – Associação Empresarial para a Inovação com o apoio de uma tecnológica e da Aicepm, e pretende ser uma rede social restrita para tentar acelerar a vertente exportadora dos negócios.

O programa, com um orçamento de 400 mil euros, foi formalmente apresentado esta sexta-feira e conta com cinco parceiros de renome para apoiar o processo: a Altice, a Brisa, a Galp, a Glintt e a Siemens. Este grupo de multinacionais irá dar ouvir o que as pequenas e médias empresas (PME) portuguesas do sector tecnológico tem para dizer e dar-lhes as dicas para levarem a sua joia da coroa além-fronteiras.

“Temos cinco grandes ancoras que cobrem os eixos de mercados, internacionalização, maturidade e interesse em tecnologia. Vamos criar condições de interação com as outras empresas. A função desta plataforma é fazer o matching, criar o número de contactos possível”, disse o diretor da Cotec, na conferência de imprensa de apresentação da iniciativa, que se realizou esta manhã, na sede da Cotec em Lisbos.

Segundo Jorge Portugal, “o importante não é se depois há negócio ou não”. “Isso vem a seguir e será o mercado a ditar. Agora é um bocadinho a montante: criar interações que façam sentido. Quem está no Connect 4.0 tem de estar comprometido a crescer. Não pode estar ninguém aqui que não seja para crescer em mercados internacionais-”, esclareceu, em declarações ao Jornal Económico (JE), “Observador”, “Exame” e “Dinheiro Vivo”.

A diferença aqui é que, mais do que uma aplicação à moda do LinkedIn ou do Tinder empresarial, há uma vertente de presença física e contacto pessoal. Ou seja, a conversa parte da app, mas depois pretende-se que resulte em reuniões, presenças em conferências ou outros eventos que permitam o networking e – acima de tudo – a confiança. O primeiro encontro realiza-se na próxima semana, dia 13 de junho, no edifício da Altice Labs, em Aveiro.

O diretor da Cotec Portugal adiantou ainda que deverá haver duas sessões com as âncoras (Altice, Brisa, Galp, Glintt e Siemens), o que perfaz aproximadamente dez sessões offline anuais. No final, haverá uma avaliação para perceber se essa troca de conversas (presenciais e online) tiveram efeitos positivos.

Para a Cotec, este programa financiado pelo programa Compete 2020 é relevante, na medida em que a indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nacional é composto por cerca de 15 mil empresas, responsáveis por empregar mais de 97 mil colaboradores qualificados e por receitas superiores a 7.117 milhões de euros. Contudo, só exportaram 2.158 milhões de euros em 2020, o correspondente a pouco mais de um terço (37%) do total do sector.

“Os negócios com o exterior, embora com um assinalável crescimento médio anual entre 2015-2020 de 21%, têm ainda uma representatividade substancialmente inferior ao peso médio das exportações na economia nacional”, considera a associação de base privada composta por organismos públicos, referindo-se aos dados da consultora IDC.

A Connect 4.0, que estará online ainda este mês, assenta em software de outra empresa tecnológica, a Bridgewhat. Esta plataforma – que auxilia no desenvolvimento de técnicas de marketing e comerciais – vai criar a estrutura digital para que as PME possam interagir com as tais empresas estabelecidas em mercados internacionais. Além de um chat, será possível partilhar experiências através de conteúdos em texto ou multimédia (vídeos).

“Como é que conseguimos que mais e mais empresas consigam acelerar este processo, passando de um peso de 37% das exportações para 50, 70 ou 80%? É uma questão também de soberania digital. Falamos de soberania energética, soberania alimentar, soberania medicamentosa e nunca de tecnológica. É termos capacidade, enquanto país, de desenvolver soluções que satisfaçam uma parte importante das necessidades das outras empresas. Há áreas em que é fundamental, como a cibersegurança, afirmou Jorge Portugal, nessa sessão.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.