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Covid-19: António Costa apela aos portugueses para irem ao comércio na baixa de Lisboa

Numa visita às lojas da Baixa pombalina, o primeiro-ministro, acompanhado do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, garantiu que os comerciantes estão preparados para receber os clientes e apelou aos portugueses para saírem de casa, “com cautelas e em segurança”.
  • António Costa na Baixa
    António Costa, com a mulher, numa visita destinada a apelar aos lisboetas que aproveitem reabertura do comércio
16 Maio 2020, 15h36

“Aproveitem porque não vai durar sempre”, garantiu hoje o primeiro-ministro António Costa no final de um visita às lojas da baixa de Lisboa, apelando aos portugueses para saírem de casa “com cautelas e em segurança” com o objetivo de regressar à normalidade e de reanimar a economia.

António Costa explicou que a falta de turistas e o receio de muitos habitantes em sair de casa deixou a baixa com muito espaço, “como muitos nunca a viram”, referindo mesmo um encontro que teve com um transeunte com quem se tinha cruzado minutos antes e que já não se deslocava à baixa pombalina há 46 anos.

Há menos de 48 horas da entrada de Portugal na segunda fase de desconfinamento devido ao surto de coronavírus, com abertura prevista de lojas com até 400 metros quadrados, cafés e restaurantes, António Costa dedicou o final da manhã e o início da tarde hoje a visitar os estabelecimentos comerciais já reabertos entre Rua do Carmo, Rua Nova do Almada e Rua Garrett no coração da baixa lisboeta, acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal da capital, Fernando Medina.

“Temos que usar a máscara quando estamos em locais fechados, temos que desinfetar as mãos, temos que manter o distanciamento físico, Mas temos, agora, que dar o passo seguinte, temos agora de voltar à rua, voltar a procurar retomar a normalidade da nossa vida, agora, de uma nova forma, com as cautelas que não podemos deixar de ter”, sublinhou António Costa, em declarações aos jornalistas no final dessa visita.

E o primeiro-ministro garantiu: “os estabelecimentos comerciais estão prontos para vos receber em segurança, todos eles têm dispensadores de gel ou líquidos de sinfeção à entrada, todos eles têm os seus profissionais devidamente protegidos com máscaras para evitar a contaminação, todos eles têm a lotação fixada para que não haja excesso de pessoas dentro das lojas e, por isso, podemos retomar, com confiança e em segurança aquilo que deixámos de fazer em meados de março”.

“Esta é uma oportunidade extraordinária de voltar a ver a baixa como nunca a viram, com tanto espaço e com o tempo a ajudar”, assinalou o chefe do Executivo.

“Se mantivermos todos a distância que devemos ter uns dos outros, se tivermos todos as máscaras que devemos usar nos locais fechados, se todos tivermos a higiene necessária na limpeza das mãos, a etiqueta respiratória, acho que todos podemos começar a recuperar a liberdade de circular e, por isso, não nos tendo deixado vencer pelo vírus, agora não nos podemos deixar também vencer pela cura e podemos, todos nós, recuperar a nossa liberdade e ajudar todo este comércio, que tem sofrido muito com o encerramento, a retomar a sua atividade, e isso é fundamental porque só se eles venderem é que a indústria produz, só se eles venderem é que os empregos são protegidos. E só se os empregos forem protegidos é que mantemos o rendimento e a economia trava esta queda em que todos temos estado”, recomendou António Costa.

O primeiro-ministro reconheceu o impacto da crise económica: “é evidente que já não estamos na situação de crescimento em que estávamos em fevereiro passado, mas temos que progressivamente retomar essa trajetória”.

“Há toda uma vida que tem que ser retomada, com liberdade e em segurança, há um comércio para apoiar, há empregos que é necessário manter, há rendimentos que é necessário proteger e, por isso, é agora altura de, com confiança, de a par e passo, irmos retomando a normalidade da nossa vida”, defendeu o chefe do Governo.

António Costa relembrou que na próxima segunda-feira, dia 18 de maio, serão reabertos mais espaços comerciais, nesta fase de desconfinamento do país.

“Na próxima segunda-feira, as lojas com cerca de 400 metros quadrados vão reabrir, os restaurantes vão reabrir, os cafés vão reabrir.(…) Com a mesma convição com que pedi para que ficassem em casa, o apelo que agora faço é para que, em segurança e com cautelas, retomem o processo de ocupação da rua, de regresso à rua, de regresso às lojas, de regresso aos cafés, de regresso à restauração, que é assim que coletivamente vamos poder relançar outra vez a nossa vida no país”, exortou o primeiro-ministro.

Para António Costa, “o civismo dos portugueses tem sido a chave do nosso sucesso na contenção da pandemia e, portanto, vai ser também esse civismo dos portugueses a chave de nos irmos libertando em segurança”.

“Temos que corresponder ao enorme esforço que estes comerciantes todos fizeram, aqui na baixa de Lisboa, noutras zonas comerciais de Lisboa, um pouco em todo o país, a semana passada estive no Porto com o senhor presidente da Câmara Municipal e testemunhei o mesmo. Foi muito duro para estas pessoas terem de fechar de um dia para o outro as suas atividades. A dificuldade em manter os postos de trabalho dos seus funcionários, o rendimento dos seus funcionários. E, agora, eles estão preparados para nos poderem receber outra vez em segurança e, por isso, é também o nosso dever corresponder a esse esforço, e fazer agora esse esforço de retomarmos a liberdade em segurança. Sempre com cautelas porque é necessário manter as cautelas. Mas, apesar de tudo, é possível manter a cautela também na rua e não só dentro de casa”, defendeu António Costa.

Questionado sobre a dificuldade em retirar os portugueses, o primeiro-ministro admitiu que, “naturalmente, as pessoas têm receio, sabem que o vírus continua por aí, sabem que ainda não há vacina, sabem que ainda não há cura e, portanto, não podem retomar a liberdade da vida como a tínhamos anteriormente”.

“Mas já é possível começar a retomar a normalidade da vida com as cautelas devidas”, assegurou o primeiro-ministro”, recordando que a entrada em Estado de Emergência “foi uma mudança radical na vida das pessoas”.

“Agora, deixou de ser falta de edução deixar de apertar a mão. Pelo contrário, passou a ser norma de boa educação não apertarmos as mãos uns aos outros. Passámos a ter um novo utensílio que não tínhamos, que são as máscaras, e temos que as usar nos sítios devidos. Temos de lavar as mãos mais vezes, temos que usar os desinfetantes. Aprendemos a fazer isso e se todos fizermos isso e nos respeitarmos uns aos outros, (…) acho que podemos retomar com segurança”, prevê o chefe de Governo.

António Costa conclui a sua intervenção, assegurando que “aquilo que nós vemos nas lojas, nos cafés, nos restaurantes que se estão a preparar para abrir, é que os comerciantes, com enorme responsabilidade, estão a adoptar as medidas de segurança para que possamos ir lá sem perigo”.

 

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