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Covid-19: Crise causada pela pandemia deixou 25 milhões de africanos sem energia

A pandemia da covid-19 e a crise económica que se seguiu puseram fim a dez anos de progresso em África, onde 600 milhões de pessoas vivem atualmente sem eletricidade, de acordo com o relatório “Africa Energy Outlook 2022” da AIE.
20 Junho 2022, 07h19

A Agência Internacional de Energia (AIE) destacou hoje que 25 milhões de africanos ficaram sem eletricidade desde o início da pandemia, mas bastariam alguns terminais de gás natural para abastecer todo o continente até 2030.

A pandemia da covid-19 e a crise económica que se seguiu puseram fim a dez anos de progresso em África, onde 600 milhões de pessoas vivem atualmente sem eletricidade, de acordo com o relatório “Africa Energy Outlook 2022” da AIE.

Em comparação com 2019, “mais 4% dos africanos vivem sem eletricidade”, disse o diretor da AIE, Fatih Birol, à agência de notícias France-Presse.

“E quando olho para 2022, com altos preços de energia e o fardo económico que isso significa para os países africanos, vejo poucas razões para ser otimista”, acrescentou.

Aumentar a eficiência energética e expandir as redes elétricas e a geração a partir de fontes renováveis são as bases do futuro energético do continente, salientou a AIE.

África possui 60% dos recursos solares do mundo, mas tem apenas 1% das instalações fotovoltaicas, menos que os Países Baixos, sublinhou o documento sobre perspetivas energéticas em África.

As energias renováveis, incluindo eólica, geotérmica e a gerada em barragens, devem constituir 80% da capacidade elétrica instalada até 2030, tanto para objetivos energéticos como climáticos, defendeu a AIE.

Mas será preciso “duplicar o investimento”, disse Birol. Atualmente, “África recebe apenas 7% do financiamento para energia verde disponibilizado pelas economias avançadas aos países em desenvolvimento”, lamentou.

No entanto, “esta questão do acesso à energia podia ser resolvida até ao final desta década com um investimento anual de 25 mil milhões de dólares [23,7 mil milhões de euros], o montante necessário para a construção de um novo terminal de gás natural liquefeito todos os anos”, referiu o diretor da AIE. “O que está perfeitamente ao nosso alcance”, frisou.

A AIE destacou o papel potencial do gás natural, de forma transitória, para produzir fertilizantes agrícolas, cimento e água potável a partir da água do mar.

“A África responde por menos de 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. Se esse gás fosse explorado, passaria a ser menos de 3,5%, embora [o continente] tenha 20% da população humana”, disse Birol.

Por outro lado, a transição global para as energias verdes é promissora, não apenas devido ao potencial solar de África, mas também às oportunidades industriais ligadas à crescente procura por metais e hidrogénio, referiu a AIE.

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