O que poderão ter de comum os temas do Covid-19, do aeroporto do Montijo e da PSP? Vejamos. A propagação do vírus mortal está a acelerar rapidamente em países europeus, com destaque para Itália. Por cá fazem-se recomendações, como se fosse uma vulgar gripe, e a ministra da Saúde já recomendou isolamento para quem estivesse em zonas de contágio, mas depois corrigiu e tudo não passou de um lapso.

O primeiro-ministro António Costa recusa falar no fecho de fronteiras, mas lançou o tema. No entanto, parafraseando o gestor Jorge Silva Carvalho num post do Facebook, o fecho de fronteiras é uma estupidez. Não se deveria antes prevenir, tendo unidades móveis de despistagem para quem vem do norte de Itália, da China e de outras regiões onde o vírus se tenha propagado? E porque não fazer testes aleatórios nas estradas à entrada do país para quem vem das mesmas regiões? Isto obviaria ao pânico que vai ocorrer quando der positivo o primeiro caso suspeito.

Porque é que as equipas de proteção civil, bombeiros e DGS não estão rotinados para o imprevisto? Claro que se iria gastar um ou dois milhões de euros, mas seria um correto consumo de recursos. E citando o mesmo gestor, este combate ao Covid-19 é o mesmo que se faz perante uma ameaça de terrorismo, porque na base e nas consequências as semelhanças são evidentes. A economia vai ser afetada, assim como toda a atividade social. E numa economia totalmente dependente do exterior a nível de matérias-primas para a indústria automóvel, química, farmacêutica industrial e alimentar, e tão fortemente dependente dos fluxos turísticos, não valeria a pena antecipar e prevenir. Nos aeroportos, ferrovias e estradas nacionais não se veem iniciativas. E relembremos que Lisboa é um hub para África e América Latina.

Este é um fortíssimo caso em que as autoridades não previnem e não se dão ao respeito. A proteção civil deveria estar a tranquilizar a população com iniciativas e não através da ausência. E o tema seguinte está igualmente ligada à autoridade do Estado e dos seus órgãos. Será que alguém pode explicar por que razão as autoridades policiais foram brandas quando algumas dezenas de pessoas cortaram a Segunda Circular, em Lisboa, para alegadamente “homenagear” amigos que se deslocavam naquela via de 80 km/h a cerca de 300 km/h e por isso morreram?! E alguém percebe como “invadiram” o cemitério dos Prazeres?

Quando falamos em autoridade política, como se compreende que o aeroporto do Montijo possa não avançar?! Alguém se esqueceu da cláusula socrática de que todas as autarquias terão de aproveitar. Moita fez finca-pé e por ali não passa. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ainda no recente debate do International Club of Portugal dizia que se as autarquias se opuserem muda-se a le?i! E agora vem afirmar que se o Parlamento avocar o tema e, como tudo indica, não haverá mal em bloquear a solução.

Em que ficamos? Ou será que esta objetiva falta de autoridade central não é mais do que o resultado da gestão política do dia a dia, em que dois socialistas discutem a liderança do futuro PS? O cidadão comum deixou de acreditar nas autoridades e nos políticos. Gerimos dependências.