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Covid-19 penaliza resultados das grandes tecnológicas

Amazon, Facebook, Microsoft e Apple apresentam resultados trimestrais esta semana. As estimativas apontam para o aumento das receitas e dos principais indicadores de negócio durante a pandemia, mas o novo coronavírus deverá ter atrasado o ritmo do crescimento.
28 Abril 2020, 06h50

As grandes tecnológicas apresentam resultados esta semana, com a Alphabet, dona da Google, a dar o pontapé-de-saída esta terça-feira. Seguem-se a Facebook e Microsoft, na quarta-feira, e Amazon e Apple, na quinta-feira.

Os analistas apontam para o aumento das receitas e dos principais indicadores de negócios destas gigantes tecnológicas entre os meses de janeiro e março de 2020, mas a pandemia da Covid-19 deverá ter atrasado o ritmo de crescimento.

Receitas da Alphabet devem subir ao ritmo mais lento dos últimos três anos

A Alphabet, dona da Google, deverá apresentar resultados positivos, com um aumento homólogo das receitas, lucros por ação e ‘cliques pagos’, embora a um ritmo mais lento do que nos anos anteriores. Os analistas estimam que as receitas ascendam a 41,6 mil milhões de dólares, o que significa um incremento de 13% face aos primeiros três meses de 2019. A confirmar-se, será a menor subida da faturação da gigante tecnológica mais lento nos últimos três anos.

As previsões apontam ainda para uma subida do lucro por ação de 20,2% para 0s 14,30 dólares, acima do lucro por ação de 11,90 dólares registado há doze meses, mas abaixo dos resultados de 2018, ano em que os lucros por ação da dona do maior motor de busca reportou 16,04 dólares.

Os investidores vão olhar com particular interesse dois indicadores-chave que medem o desempenho da Alphabet. Por um lado, as atenções vão centrar-se nos ‘cliques pagos’ dos utilizadores em diversas plataformas da empresa – Gmail, Google Maps, YouTube ou Google Play, que mede o tráfego online e corresponde às receitas de publicidade por cada clique dos utilizadores.

As estimativas apontam para um crescimento homólogo de 25,6% destas receitas, que deverá ter sido impulsionado pelo crescimento do tráfego online. Ainda assim, trata-se de um ritmo de crescimento mais lento do que o verificado em 2018 e 2017.

Por outro lado, os investidores vão olhar também para os custos por clique, que corresponde ao preço por anúncio cobrado pela Alphabet aos publicitários. Os analistas antecipam uma quebra homóloga destas receitas de 7,9%, o ritmo de descida mais elevado desde o quarto trimestre de 2016, sinalizando que os publicitários cortaram no orçamento em publicidade.

Facebook: receitas por utilizador com menor aumento do que há doze meses

O primeiro trimestre de 2020 da dona da maior rede social do mundo deverá ser positivo, com a empresa liderada por Mark Zuckerberg a registar um aumento do número de utilizadores ativos por mês e dos ganhos por ação, embora o ritmo de crescimento das receitas totais deva ser mais lento.

As estimativas dos analistas apontam para uma subida homóloga das receitas de 16% para 17,5 mil milhões de dólares no primeiro trimestre. Desde o primeiro trimestre de 2017 que as receitas da Facebook têm decrescido de ano para ano, mas nunca ao ritmo que deverá confirmar-se na terça-feira, quando a tecnológica apresentar resultados.

Os lucros por ação deverão subir 20,7%, para 2,04 dólares, um desempenho muito acima do que foi registado há doze meses, quando este indicador financeiro caiu 2,9% face ao primeiro trimestre de 2018.

A análise do desempenho da Facebook será feita com recurso a duas métricas: o número mensal de utilizadores ativos e as receitas médias por utilizador. Em conjunto, estas duas métricas sinalizam a expansão da rede social e a forma como está a ganhar dinheiro com os seus utilizadores.

Em ambas, os analistas apontam para um crescimento no primeiro trimestre deste ano face a igual período do ano passado. Os utilizadores mensais ativos deverá crescer para os 2,5 mil milhões, cerca de duzentos milhões acima do que foi registado no primeiro trimestre de 2019.

Já as receitas médias por utilizador deverão subir 6,89 dólares, acima dos 6,42 dólares reportados há doze meses, o que significa um aumento homólogo de 7,4%. Ainda assim, este ritmo de crescimento corresponde a a menos de metade do aumento deste indicador no primeiro trimestre de 2019, sendo possível que desacelere com a expansão do contágio da Covid-19..

Receitas da nuvem da Microsoft devem crescer mais de 20%

A Microsoft apresenta esta quarta-feira os resultados do terceiro trimestre de 2020 e deverá apresentar um aumento das receitas totais, impulsionadas pelo incremento dos resultados do negócio de cloud computing, e os lucros por ação deverão subir.

Os analistas apontam para uma subida das receitas totais para os 34 mil milhões de dólares. Em termos absolutos e face ao período homólogo, trata-se de um aumento de cerca de 3,6 mil milhões de dólares.

Os lucros por ação deverão subir 13,5% para os 1,29 dólares, o que traduz o menor ritmo de crescimento deste indicador financeiro desde o quarto trimestre de 2018.

Quanto ao segmento de cloud computing, o Azure (programa de nuvem da Microsoft) é atualmente o segundo maior player no mercado numa indústria que poderá valor 260 mil milhões de dólares no final de 2020. Em concorrência renhida com a Amazon Web Services, a plataforma de cloud computing líder de mercado da Amazon, os analistas apontam que as receitas da Azure  em relação ao período homólogo do ano passado cresçam 22,8% para os 11,6 mil milhões de dólares.

Margens da AWS devem impulsionar receitas da Amazon

A Amazon, gigante do comércio online a nível mundial, está a beneficiar com a Covid-19. Com os utilizadores em casa e as medidas de confinamento que tiveram impacto nas operações do dia-a-dia no setor do retalho, a empresa de Jeff Bezos tem registado um aumento das encomendas. Desde o início do ano, as ações da tecnológica subiram mais de 29% e, na sexta-feira, dia 24 de abril, encerraram nos 2.421 dólares.

As estimativas dos analistas apontam para um crescimento homólogo de 21,8% das receitas, para os 72,7 mil milhões de dólares.

Os lucros por ação deverão ceder ligeiramente 0,2%, face ao primeiro trimestre do ano passado, para os 8,70 dólares.

Os investidores estarão particularmente atentos para o desempenho da Amazon Web Services (AWS), a plataforma de  cloud computing da empresa e cujas receitas têm margens superiores às do comércio eletrónico. As receitas da AWS cresceram 48,7% e 41,4%, respectivamente, no primeiro trimestre de 2018 e de 2019. Os analistas esperam que esta tendência volte a registar-se nos primeiros três meses de 2020, embora a um ritmo menos acelerado: uma subida de 33,1% para os 10,2 mil milhões de dólares.

Quebra das vendas do iPhone penaliza Apple

A fabricante de iPhones apresenta resultados relativos ao segundo trimestre de 2020 e os analistas apontam para uma queda das receitas e dos lucros por ação, ainda que a Apple apresente resultados sólidos em diversos segmentos de negócio.

O consenso do mercado apontam para uma queda homóloga das receitas de 3,3% para os 56,1 mil milhões de dólares devido à quebra das vendas de iPhones, o produto da Apple que mais peso tem nas receitas.

Os resultados por ação deverão acompanhar esta tendência, com os analistas a projetarem uma quebra de 3,5% deste indicador financeiro para 2,37 dólares.

Em sentido contrário, o desempenho do segmento dos serviços deverão subir no segundo trimestre de 2020. Para este segmento, que inclui a Apple TV+, Apple Arcade, iTunes, App Store ou a AppleCare, os analistas estão a projetar um aumento de de 15,5%, para um recorde de 132 mil milhões de dólares. Mas, apesar disso, este segmento ainda tem pouca expressão nos resultados totais da empresa liderada por Tim Cook que, no entanto, deverá ser reavaliado na estratégia da importância numa altura em que os consumidores passam mais tempo em casa.

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