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“Criptomoedas são a forma mais eficiente de transferir valor eletronicamente”, revela fundador da Blockspot Conference

Em entrevista ao Jornal Económico, o fundador da empresa organizadora da conferência Blockspot Media, diz acreditar no potencial de crescimento destes ativos digitais e desvaloriza as críticas que se possa estar a criar uma bolha.
10 Novembro 2017, 16h41

Numa altura em que o mundo se tenta adaptar à entrada das criptomoedas no sistema financeiro, a Blockspot Media quer entrar no debate, como explicou Filipe Boldo, fundador da empresa organizadora da Blockspot Conference, que se vai realizar na próxima segunda-feira, dia 13 de novembro, na Câmara de Comércio, em Lisboa. Inovação, regulamentação e “criptoeconomia” vão ser alguns dos temas discutidos por 15 oradores e 250 participantes.

Como é que entrou no mundo das criptomoedas?

Sou engenheiro de software e fundador da empresa que está a realizar a Blockspot Conference, que é a Blockspot Media. Já criei diversas empresas, no Brasil, nos setores de media e startups. Vi a oportunidade no Blockchain para uma série de industrias e vi a oportunidade de criar uma empresa de media que pudesse comunicar com os profissionais que vão chegar ao mercado. Então, foi daí que surgiu a Blockspot Media para ser uma voz ativa entre os líderes empresariais e as indústrias. Um dos nossos produtos é esta conferência, a Blockspot Conference.

Quais são as expetativas em relação à Blockspot Conference? É o primeiro evento deste género?

É o primeiro de uma série de eventos. Esta é a versão Europa e é a primeira edição da conferência, que pretende ser anual. Em maio, vamos realizar a edição latino-americana, em São Paulo, no Brasil, e em setembro, a versão Ásia, em Singapura.

A tecnologia blockchain tem sido caso de utilização em várias indústrias diferentes e mostra-se uma tecnologia viável para vários usos. Sempre que um ambiente empresarial exige que vários players interajam com dados, o blockchain tem-se mostrado uma tecnologia viável. Esta crescente popularidade e com as diversas aplicações que tem na indústria, para que se construam soluções a nível corporativo, é preciso que haja um lugar onde se discutam e partilhem insights dos profissionais.

Foi para isso que criámos esta conferência: para ser um lugar de encontro entre os líderes corporativos, estudantes e entusiastas que vão criar soluções em blockchain para as empresas.

As criptomoedas estão a entrar no sistema financeiro mundial. Vão tornar-se tão comuns quanto notas ou cartões de crédito?

Sim. As criptomoedas, de forma geral, são a forma mais eficiente de transferir valor entre indivíduos de forma electrónica. Numa transação normal, como uma compra com cartão de crédito na internet, há muitos intervenientes para garantir que essa transação é feita com segurança: bancos, operadas, etc. No caso da criptomoeda, essa transferência é feita de pessoa para pessoa, o que é semelhante a passar dinheiro pessoalmente, mas de forma eletrónica. Daí essa expetativa de que se torne um meio de pagamento online popular, como já vem acontecendo.

Existe um paradigma económico que é usar a bitcoin como lastro para diversas moedas, o que já se discute nalguns bancos centrais. Enquanto o ouro é minerado anualmente, com a bitcoin, a emissão é controlada de forma matemática e sabe algoritmicamente quanto vai ser emitido ao longo de um ano, o que permite um maior controlo de inflação para o sistema financeiro. Há vários bancos centrais, incluindo na Rússia, a discutir a emissão das suas próprias criptomoedas.

Mas as criptomoedas também são alvo de muitas críticas, nomeadamente por falta de contexto legal.

Sim, esse é um grande desafio para as criptomoedas, mas também para qualquer ativo criptográfico, como os Initial Coin Offering (ICO), que é uma forma de financiamento em que as empresas emitem as suas próprias criptomoedas. O mundo está a discutir como tratar estes ativos, se é um ativo financeiro, se é uma moeda… Estamos a viver este momento de debate e, por isso, no evento vamos discutir o tema da legalização e regulação da criptomoeda com advogados.

Além da regulamentação, a possibilidade de uma bolha também tem sido uma das críticas mais comuns. É uma possibilidade?

Pode acontecer e é um tema que se comenta muito, mas pessoalmente não acredito nessa bolha até se acompanharmos o que acontece no mercado, de modo geral, e a forma de funcionamento da bitcoin. Vão ser emitidas 23 milhões de bitcoins e depois não são emitidas mais. Não é uma moeda que é emitida como moeda nacional, em que o governo tem controlo. É controlada por um algoritmo matemático e a questão da bolha está relacionada com o facto de as pessoas acreditarem no valor e apostarem na moeda. Isso dá confiança na estabilidade da moeda.

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