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Crispação marca visita de Erdogan à Alemanha

Recep Tayyip Erdogan aterrou na Alemanha dispostos a “virar a página” nas relações com um país com o qual compartilha interesses económicos e políticos cruciais, mas em confronto aberto nos mais variados temas.
  • Recep Tayyip Erdogan
28 Setembro 2018, 15h33

A primeira reunião entre Merkel e Erdogan aponta para um desejo de reaproximação, mas evidencia o abismo que separa os dois países em direitos humanos.

Recep Tayyip Erdogan aterrou na Alemanha dispostos a “virar a página” nas relações com um país com o qual compartilha interesses económicos e políticos cruciais, mas em confronto aberto nos mais variados temas.

As relações entre Ancara e Berlim estão, aliás, num dos pontos mais baixos da sua história, depois de a Turquia ter percebido que a União Europeia está muito pouco interessada em recebê-la no seio do agregado e de Angela Merkel ter falhado a hora em que telefonou a Erdogan para com ele se solidarizar depois da tentativa de golpe de Estado mo verão de 2016.

A primeira reunião de Erdogan com a chanceler confirmou a vontade de aproximação mútua, mas também mostrou as diferenças profundas que separam Berlim de Ancara. Fortes medidas de segurança têm blindado a capital alemã, na qual protestos massivos contra o líder turco estavam programados e já aconteceram quando o avião presidencial aterrou.

Serão três dias de visita oficial, a primeiro em quatro anos, durante os quais a guerra na Síria, as relações comerciais, a política dos refugiados e os direitos humanos são parte da movimentada agenda.

O objetivo da visita é encenar o degelo após anos de desentendimentos, mas os fantasmas são muitos. Na Turquia há ainda cinco cidadãos alemães detidos – e todos se recordam de Deniz Yücel, um jornalista do Die Welt que passou mais de um ano preso na Turquia, acusado ​de espionagem.

Os esforços da Alemanha para libertar os seus cidadãos, considerados presos políticos, não têm sido suficientes. EM Berlim, não fugindo a uma pergunta sobre a matéria, Erdogan respondeu que “a independência judicial é importante e a Alemanha deve respeitá-la”.

Por seu turno, Erdogan pediu à Alemanha a extradição de dezenas de pessoas que vivem no país, incluindo o jornalista crítico do governo turco Can Dundar, acusado de espionagem.

Mas Merkel esforçou-se para destacar também o que une e não apenas o que divide os dois países. A participação na NATO, a luta contra o terrorismo, a preocupação com a situação na Síria, os refugiados ou a situação dos três milhões de turcos que vivem na Alemanha, fazem parte dos interesses comuns.

A pressão da oposição, da imprensa e dos grupos de direitos humanos à chanceler, Merkel, para manter uma linha dura durante a visita, é imensa adiantam os jornais alemães – que enfrenta um momento político interno muito difícil, o que torna a visita ainda mais melindrosa.

As expectativas face às conclusões da visita e às suas consequências são, por isso, muitas.

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