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Cultura empresarial fechada leva a que mulheres demorem até cinco anos a mais a atingir posições de liderança

Um estudo da Oliver Wyman aponta para uma minoria muito pequena de administradoras mulheres em virtualmente todas as geografias, com 95% das líderes femininas a apontarem como fundamental na sua ascensão a relação estabelecida com um “padrinho” que as ajudou no estabelecimento de uma vasta rede de contactos.
8 Fevereiro 2021, 07h55

As mulheres demoram, em média, mais três a cinco anos a conseguirem atingir a chefia de uma empresa, conclui um estudo da Oliver Wyman sobre liderança empresarial feminina. O estudo destaca ainda que apenas um quarto das posições de direção são ocupadas por uma mulher, que lideram menos de 6% das 3 mil maiores empresas norte-americanas.

Em Portugal, apenas oito dos 76 administradores executivos das empresas listadas no PSI-20 são mulheres.

A Oliver Wyman advoga a passagem a uma cultura de inclusão e diversidade mais avançada que constitua uma mudança sistémica e profunda no paradigma empresarial atual.

“As empresas devem assegurar que a liderança inclusiva começa no topo da organização, desenhando um modelo de liderança partilhado e tratando a inclusão e a diversidade como mais um objetivo de negócio, que contempla uma mediação e avaliação das medidas impostas, com um forte investimento na sua promoção e impulso”, lê-se na comunicação que acompanha a divulgação do estudo.

O relatório aponta para quatro motivos principais que têm impedido uma ascensão mais rápida e generalizada das executivas, todos eles relacionados com a cultura empresarial predominante.

“Os diretores tendem a valorizar a importância do perfil e as suas capacidades e que, em muitos casos, são diferentes daquelas que têm as mulheres. Inconscientemente, tendem a promover os «mini-eus»” afirma María Miralles, EMEA & LatAm Retail & Consumer Goods Head da Oliver Wyman.

Assim, a consultora aponta, primeiramente, a diferença nos critérios enumerados por homens e mulheres na avaliação da qualidade de uma liderança, com os homens a apontarem a frontalidade, decisão e confiança, por esta ordem, como os valores prioritários, enquanto que as mulheres privilegiam a autonomia dada às equipas, a confiança e a colaboração.

Por outro lado, o foco das mulheres no resultado contrasta com a importância dada ao processo pelos homens, que privilegiam igualmente a criação de redes de contactos, ao contrário das líderes femininas.

Finalmente, a existência de preconceitos implícitos condiciona a atitude de uma mulher, que é mais passível de adaptar o seu comportamento para encaixar na cultura empresarial. Ao mesmo tempo, isto afeta a imagem que as trabalhadoras femininas têm de si próprias, habitualmente subestimando as suas próprias capacidades, o que diminui a probabilidade de se candidatarem a cargos de liderança.

Um último factor de destaque prende-se com a importância dada pela vasta maioria das mulheres que participaram no estudo, em que 95% das mesmas aponta para a existência de um “padrinho” como um elemento determinante na sua ascensão. Isto prende-se com o acesso a uma rede de contactos que, pela natureza maioritariamente masculina e algo fechada desta cultura, seria de mais difícil acesso a qualquer mulher sem um contacto próximo masculino.

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