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Da esquerda à direita. Partidos condenam atuação de militares da GNR em Odemira

Sete elementos da GNR estão acusados de um total de 33 crimes, por humilharem e e torturarem imigrantes em Odemira. Da esquerda à direita, têm-se acumulado as críticas, que levaram o BE a apontar um problema de “violência racista” nas forças policiais e André Ventura a condenar os ataques. Marcelo pediu que seja feita “justiça com rapidez”.
17 Dezembro 2021, 17h39

Os ataques levados a cabo por elementos da GNR a imigrantes suscitaram diversas reações políticas. À esquerda, o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) condenaram os ataques.

“Nós temos em Portugal um problema com as forças de segurança e com violência racista”, referiu a líder do BE, Catarina Martins, considerando ainda que os agentes envolvidos no caso não podem “continuar ao serviço”. As declarações vão em linha com a posição assumida pela deputada do BE Joana Mortágua que defendeu que existe “um problema de racismo estrutural nas forças policiais em Portugal”.

Além do BE, também o PCP criticou os ataques que decorreram em Odemira resultando numa acusação de um total de 33 crime aos sete militares da GNR envolvidos na polémica. “O PCP condena veementemente tais acontecimentos e considera inaceitável que os envolvidos se mantenham em funções”, sublinham os comunistas em comunicado no site do partido.

O PCP considerou ainda que “tais comportamentos, que dizem respeito a elementos concretos que não à instituição no seu todo, requerem punição exemplar, mas requerem também que as instituições reflitam sobre a seleção, formação e acompanhamento ao longo do tempo dos profissionais que nelas prestam serviço”.

A par com o PCP e BE, o primeiro-ministro classificou como “absolutamente inaceitáveis” os comportamentos dos militares da GNR e remeteu o caso para a justiça.

“A única coisa que sei é que se refere a um caso que não só está em investigação criminal, um processo que está em curso por parte das autoridades judiciárias e em segundo lugar que também já tinha sido parcialmente investigado pela inspeção geral da Administração Interna. Pelo menos um desses agentes já foi objeto de uma medida disciplinar de expulsão e outros de outras medidas disciplinares”, disse António Costa à RTP.

À direita, André Ventura do Chega condenou igualmente os ataques, mas considerou que existem dois critério no que toca às forças de segurança. “Gostava de ver a mesma indignação do país quando as forças de segurança são atacadas e humilhadas”, sustentou.

No PAN, Inês de Sousa Real não ficou indiferente ao sucedido. “Repudiamos profundamente este caso de Odemira. Os crimes de ódio não podem ter lugar num estado de direito! O abuso de poder por parte de qualquer autoridade é sempre condenável”, escreveu Inês de Sousa Real no Twitter.

O presidente da República também não poupou os elementos da GNR às críticas e pediu “justiça com rapidez”, no site da presidência, onde veiculou a sua opinião sobre o assunto.

Marcelo referiu que “confia que Justiça será feita, com rapidez, em relação às acusações de inaceitáveis violações de liberdades, direitos e garantias, lembrando, por um lado, que as forças e serviços de segurança, e o Estado em geral, são particularmente responsáveis pelo seu respeito e cumprimento, e, por outro, que os crimes ou infrações cometidos por elementos de uma força não podem ser confundidos com a missão, a dedicação e a competência da generalidade dos seus membros”.

Também a Câmara de Odemira repudiou, esta sexta-feira “toda e qualquer forma de violência” e “comportamentos que não respeitem os direitos humanos”, segundo agência “Lusa”.

Sete elementos da GNR estão acusados de um total de 33 crimes, por humilharem e e torturarem imigrantes em Odemira, Beja, em 2019, atos que os próprios filmaram, noticiou a CNN/TVI.

Na quinta-feira, a GNR esclareceu que dois dos sete militares encontram-se a cumprir pena de suspensão decretada pelo Ministério da Administração Interna, enquanto os outros aguardam medidas sancionatórias.

De acordo com a GNR, três dos agentes do Destacamento Territorial de Odemira são reincidentes, depois de terem estado “envolvidos em agressões a indivíduos indostânicos”, em 2018.

O esclarecimento surge após uma investigação CNN/TVI que deu conta da acusação de sete elementos da GNR de um total de 33 crimes, por humilharem e torturarem imigrantes em Odemira.

Num despacho de acusação de 10 de novembro e ao qual a CNN Portugal e TVI tiveram acesso, o Ministério Público refere que os militares cometiam os atos de tortura “em manifesto uso excessivo de poder de autoridade” e que “todos os arguidos agiram com satisfação e desprezo pelos indivíduos”.

 

A notícia foi atualizada às 18:56 com declarações de Inês Sousa Real (PAN)

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