[weglot_switcher]

Da liberdade de 30 segundos às fugas para Londres: os 18 anos ‘loucos’ de Vale e Azevedo

Dezoito anos depois de ter deixado a liderança do clube lisboeta, João Vale e Azevedo tem vivido uma ‘montanha-russa’ de julgamentos, fugas para o estrangeiro, até períodos de liberdade…. de 30 segundos.
26 Setembro 2018, 09h00

Quando a 31 de outubro de 2000, João Vale e Azevedo foi derrotado nas eleições do SL Benfica por Manuel Vilarinho, estaria longe de imaginar que os próximos dezoito anos da sua vida iriam ser vividos entre estar preso, ou a tentar evitar sê-lo.

A 14 de fevereiro de 2001, na sequência de investigações iniciadas em 14 de Novembro de 2000, a polícia faz uma busca ao escritório de advogados de Vale e Azevedo e, já de madrugada, uma juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa (TIC) determina a sua prisão domiciliária na sua residência em Almoçageme, Sintra. Vale e Azevedo era então acusado da apropriação de uma verba de 193 mil contos (perto de um milhão de euros) relativos à transferência do guarda-redes russo Serguei Ovchinnikov, do Sl Benfica para o Alverca, a qual terá sido aplicada na compra em Itália de um iate de luxo, através de uma empresa offshore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que alegadamente pertencia ao antigo presidente encarnado.

Quase um ano volvido, a 4 de janeiro de 2002, Vale e Azevedo foi acusado pelo Ministério Público no caso da venda dos terrenos sul do Benfica à empresa Euroárea, que alegadamente permitiu ao antigo presidente apropriar-se de cinco milhões de euros.

A 14 de novembro de 2003, o colectivo de juízes determinou a anulação do julgamento do processo Euroárea, alegando que não tinha sido produzida prova, durante 30 dias, em sede de julgamento. Contudo, só a 14 de fevereiro de 2004, o Tribunal da Relação de Lisboa mandou libertar Vale e Azevedo, tendo por base o facto de o antigo presidente do SL Benfica não ter sido ouvido no âmbito de uma diligência processual relativa à prisão preventiva decretada ao abrigo deste processo.

No entanto, Vale e Azevedo foi detido 30 segundos depois de ter saído em liberdade, sendo detido para interrogatório por decisão do juiz Ricardo Cardoso, titular do processo. No dia 8 de julho, o antigo presidente das ‘águias’ saía em liberdade mediante uma caução de 250 mil euros, por decisão do coletivo de juízes que julgou o processo Euroárea.

No dia 5 de maio de 2008, a GNR vai a casa de Vale e Azevedo em Colares, Sintra, para o deter, no âmbito do caso Dantas da Cunha, mas não encontra o antigo dirigente do Benfica, já que este se encontrava em Londres, onde acabou por ser detido a 8 de julho, em cumprimento do mandado de detenção europeu.

Depois de quatro anos a tentar evitar a extradição para Portugal, Vale e Azevedo acabou por entregar-se às autoridades inglesas e regressou a Portugal, para cumprir uma pena de onze anos e meio de prisão, por crimes de burla e apropriação indevida de dinheiro no contorno de vários processos legais.

A 7 de junho de 2016, o antigo presidente do SL Benfica, saía em liberdade condicional, contudo, “juridicamente, ele está sob a alçada das autoridades inglesas e só com autorização das autoridades inglesas é que poderá ser feito qualquer julgamento ou ser aplicada qualquer medida de coação que implique uma nova detenção”, referiu na altura a sua advogada Luísa Cruz.

A 28 de junho do ano passado Vale e Azevedo ficou retido no Monaco devido ao mandato de captura europeu emitido em 2008. No entanto, a situação foi resolvida no próprio dia com a colaboração das autoridades portuguesas.

Vale e Azevedo e a mulher fugiram para Londres a 14 de junho de 2018, num jato privado, dias antes de serem emitidos mandados de detenção para o cumprimento de uma pena de 10 anos de prisão, por burlas ao SL Benfica, relacionadas com as transferências dos jogadores Scott Minto, Gary Charles, Tahar e Amaral.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.