Da Nuvem ao metaverso. Os próximos passos do sector

As consultoras e as respetivas operações caminham para um ambiente cada vez mais tecnológico, em prol do seu próprio crescimento, que tem sido notório. Em 2022, o sector registou uma taxa de crescimento na ordem de 4,1%, de acordo com um estudo divulgado recentemente pela plataforma Linchpin SEO.

Para dar sequência a estes resultados, há que continuar a apostar na inovação e, por consequência, nas novas tecnologias, de forma a garantir que a prestação de serviços aos clientes está em constante evolução. É que, inevitavelmente, as consultoras que melhor aproveitarem estas ferramentas ficarão mais próximas do sucesso, ao passo que aquelas que não façam um bom uso destas tecnologias vão, com grande probabilidade, deixar-se ficar para trás.

Inteligência artificial e digitalização
As tecnologias já existentes permitem automatizar processos que outrora eram feitos de forma manual e monótona, mas que hoje é possível serem realizados pela Inteligência Artifical (IA), ou seja, por uma máquina. Uma evolução que permite às empresas prestadoras de serviços, como é o caso das consultoras, poupar tempo e dinheiro e, por consequência, tornarem-se mais eficientes. A somar a estas funcionalidades, a digitalização desbloqueia a oportunidade de serem realizadas partilhas de dados entre os colaboradores. Uma ferramenta que pode ajudar as empresas a potenciarem o conhecimento e utilização desses mesmos dados.

As duas vertentes, resumidamente, em melhores serviços prestados aos clientes na melhoria da vida das empresas, nomeadamente no aprimorar da tomada de decisão, fator cada vez mais importante num sector tão competitivo como é o da consultoria.

Metaverso
É considerado a próxima evolução da internet e é uma das tendências do sector, sendo que desafia tudo aquilo que conhecemos até hoje.
O metaverso permite simular a realidade em várias dimensões, num mundo virtual, e tem um potencial que parece impossível de medir, pelo menos por enquanto, de tal forma que o seu valor estimado tem disparado de ano para ano.

As funcionalidades que o metaverso permite desenvolver são de tal ordem que a Accenture prevê que, nos próximos anos, as grandes empresas irão construir os seus próprios metaversos.
As ‘Big Techs’ já estão a avançar nesse sentido, com investimentos na ordem dos milhares de milhões.

Um estudo, recentemente realizado pela Accenture, concluiu que 71% dos líderes empresariais descrevem o metaverso como algo que vai impactar positivamente na sua organização, enquanto 42% acreditam que será motivo de transformação.

Nuvem
A Cloud (Nuvem) é uma ferramenta cada vez mais utilizada pelas empresas dos mais diversos sectores. Aquele que pode ser considerado um “espaço” digital permite que ali se armazenem e partilhem os mais variados ficheiros, de tal forma que, inclusive, representa um grande auxílio para muitas empresas, assim como para os trabalhadores que desempenham as suas funções em regime híbrido.

Por aquela via é possível, por exemplo, fazer upload e download de processos de negócios e partilhá-los com toda a equipa. Os processos que são possibilitados pela ferramenta permitem gerar um conjunto de soluções, aceleradores e APIs, que podem permitir a cada firma criar softwares, aplicativos, programas e plataformas diversas que podem, por isso, ser exclusivas.
O desenvolvimento da Nuvem e de todas as ferramentas a ela associada é tal que são cada vez mais as empresas que optam por estas tecnologias, por oposição às modalidades tradicionais de TI. Prova disso é que a procura por especialistas na área tem disparado nos últimos anos e os analistas estimam que continue a crescer.

Sustentabilidade
A quarta grande tendência com efeitos na indústria da consultoria é o compliance com a sustentabilidade. Fruto de alterações legislativas da União Europeia e métricas internas de ESG (Environmental, Social e corporate Governance), as empresas vão continuar a investir nos critérios sociais, ambientais e de governança. Como tal, a medição e análise desses dados caberá também aos consultores de gestão.

Mais: estima-se que o mercado da consultoria em ESG seja um dos que mais cresce em todo o mundo, na ordem dos 17% por ano entre 2022 a 2027 e com um valor total aproximado de 16 mil milhões de dólares até aos próximos quatro anos.

Em que medida é que isso impacta o trabalho dos consultores? Pois bem, os especialistas da tecnológica norte-americana anteveem que, após a cimeira COP27 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas), haverá novas leis e regulamentos, ainda em 2023, que obrigarão as empresas a reduzir a sua pegada de carbono.

“Prevê-se que haverá mais formação para consultores sobre o âmbito das regras, leis e regulações ambientais, capacitando-os com as capacidades e conhecimentos para aconselhar os seus empregadores e clientes sobre o cenário regulatório ambiental que está em mudança”, lê-se no documento da InfoDesk.

Diversidade
A concluir, o relatório da BCG adianta que os desafios em torno da inclusão e diversidade estão “relacionados de forma positiva com as receitas”, com as equipas executivas mais diversas a gerar lucros mais significativos do que os seus rivais, não-tão inclusivos. Surpreendentemente, acrescenta a organização, os benefícios financeiros “deixaram de ser um potenciador das iniciativas de diversidade”. O relatório considera que as firmas têm de garantir que essas iniciativas vão ao encontro das expectativas das equipas se pretendem contratar, integrar e reter com mais eficácia.

Um aspeto importante, ressalva a mesma entidade, é a necessidade destas iniciativas se traduzirem de forma vertical. Ou seja, o exemplo tem que partir do topo, mais concretamente envolvendo os cargos mais séniores no processo de recrutamento e nas iniciativas de sensibilização para a diversidade. Desta forma, conclui a BCG, a firma transparecerá uma cultura organizacional de profunda diversidade e inclusão.