A Web Summit, que teve lugar há bem pouco tempo em Lisboa, merece registo e destaque especial bem positivo e prometedor. A animação que trouxe à cidade, a informalidade com que os participantes se apresentavam nas conferências, criou todo um ambiente diferente e descontraído, de corte radical com as formalidades de congressos a que é normal assistir-se.

Para além desse pequeno abanão nos engravatados, a Web Summit terá tido um impacto imediato na economia da ordem dos 200 milhões de euros. Mas as maiores expectativas situam-se nas “sementes” que, eventualmente, ficarão a germinar e que se espera tragam bons produtos e serviços.

Foram muitos os contactos havidos entre empresários, financiadores, empreendedores, investigadores, etc. O que resta saber são os efeitos induzidos ao nível das empresas nacionais, mais enquadradas no espírito deste tipo de realização, em que as ‘startups’ têm um posicionamento especial.

Por outro lado, não deixará de ter reflexos também muito significativos o facto de, durante uma semana, Lisboa e o país terem estado, com a Web Summit, no centro do mundo da inovação, serem falados na comunicação social estrangeira; as ‘startups’ portuguesas tornarem-se mais conhecidas e, de alguma forma, serem avaliadas e comparadas; os técnicos portugueses serem conhecidos e também avaliados e reconhecidos.

Diz-se que, na Irlanda, em 2014 e 2015, as ‘startups’ presentes obtiveram um financiamento superior a mil milhões de euros em cada ano. A transferência da Web Summit de Dublin para Lisboa alargou o número de participantes. Na Irlanda, estima-se que tenham estado presentes um pouco mais de 40 mil participantes; em Lisboa, aponta-se para 55 mil pessoas, na sua grande maioria estrangeiras, em que uma elevada percentagem não conhecia Portugal e, certamente, sem esta realização, muitos nunca cá se deslocariam. Só esta circunstância é uma grande mais-valia para a economia portuguesa e para o país.

Por outro lado, estiveram presentes cerca de 1500 ‘startups’, sendo cerca de dez por cento portuguesas. É de perguntar, ter-se-á atingido um financiamento pelo menos da ordem de grandeza referida antes (mil milhões)?! Seria interessante obter informação, em devido tempo, sobre este e outros aspectos da Web Summit. É uma forma de mobilizar as pessoas para estes eventos, mesmo as que não participam, tanto mais que esta realização vai repetir-se em Lisboa, pelo menos, por mais dois anos.

Li, na entrevista de Miguel Frasquilho, presidente da AICEP, ao DN, que os custos da realização da Web Summit para o Estado foram de 1,3 milhões de euros. Sinceramente, pensava que se estaria perante um montante bem mais elevado. Estamos em tempo de ‘low cost’ e ainda bem. Com menos dinheiro realizamos eventos de elevada importância e impactos à partida, no mínimo, interessantes.

Espero que Miguel Frasquilho tenha razão quando diz que “vai com certeza haver outro Portugal depois do Web Summit. E esse Portugal é muito melhor”. Ainda me recordo que a realização do “tennis master cup Lisboa 2000”, que o governo português de então patrocinou, terá superado, em termos de custo, este valor. É evidente que os tempos eram outros. Certamente, mais difícil a sua realização, pois os participantes jogadores deveriam exigir um cachet significativo.

São eventos de diferente tipo, é verdade. Seguramente, na altura, a “tennis master cup Lisboa 2000” foi muito decisiva em termos de turismo: os efeitos estenderam-se e poderão ainda estar a reflectir-se no excelente momento que o país atravessa.

Espera-se que a Web Summit venha a ter ou já esteja a ter efeitos de fundo que só mais tarde poderão ser quantificados. Esperamos um grande contributo para a mudança radical da estrutura económica do País e uma maior competitividade dos nossos produtos e serviços nos mercados externos.

O autor escreve segundo a antiga ortografia.