A disponibilização de bases de dados abertos tem permitido conduzir respostas informadas. Os dados têm o potencial de fornecer informação que pode orientar a tomada de decisões, bem como revelar o invisível e intangível.

Numa sociedade conectada, geradora permanente de informação digital, o acesso a dados tem o potencial de transformar as relações entre os cidadãos e as instituições. A combinação da economia do conhecimento e da inovação depende assim cada vez mais da capacidade de utilizar os dados de maneira estratégica na monitorização, gestão e avaliação das respostas urgentes aos desafios contemporâneos.

A proliferação da utilização de dados emerge do progresso tecnológico que permite a recolha, quantificação e análise destes de múltiplas formas e em períodos de tempo mais curtos. Neste contexto, as interações são distribuídas e não centralizadas, as soluções são resultado da capacidade de gerir e visualizar informação. Para tal, como refere Mario Carpo, no livro “Second Digital Turn: Design Beyond Intelligence”, esta é a hipótese de não só mudar para uma nova forma de pensar como uma nova forma de fazer.

Em Portugal, o movimento dos dados abertos é basilar nas políticas nacionais para uma administração pública aberta. A disponibilização de informação pública em formatos abertos ocupa uma posição relevante na agenda do movimento em defesa da transparência, colaboração e participação nas relações entre governos e cidadão: “a interação com a comunidade de reutilizadores fornece pistas preciosas sobre o tipo de dados a disponibilizar”.

Do lado das redes comunitárias e da própria participação cívica e cooperativa, a democratização do acesso aos dados permite a criação de novas análises de padrões, relações e correlações.

Para além dos ganhos na área da transparência e da cidadania, no caso das cidades, os dados abertos podem ser ao mesmo tempo o meio para identificar problemas e criar soluções. Esta é a ambição do Lisboa Aberta e do Portal de Dados Abertos da cidade do Porto, “conceder a todos, de forma livre, gratuita e imediata, o acesso e disponibilização a inúmeros e diversos conjuntos de dados da cidade, com vista a aumentar o conhecimento e o envolvimento dos cidadãos e potenciar o desenvolvimento futuro” das cidades.

No entanto, as iniciativas não se resumem à disponibilização de dados pelos governos locais, também estão a ser exploradas pelas academias como serviço público.

A necessidade urgente de sistematizar informação, dispersa em múltiplas fontes, sobre a habitação na cidade de Lisboa deu origem à LXHABIDATA. Uma plataforma que disponibiliza dados a todos os que querem conhecer melhor as transformações geradas nas cidades “e pensar soluções para mitigar os problemas daí resultantes ao nível das políticas públicas, da ação cívica, do sector privado ou social”.

Apesar da política de dados abertos para todos ainda estar em construção a nível nacional, é de sublinhar que é um meio fundamental para promover a interface e a partilha de conhecimento entre os cidadãos, a academia e os setores público e privado.