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Dançar Nasoni no Dia de Itália escalando os Clérigos

No dia 2 de junho três aniversários se cruzam. O Dia de Itália é, também, a data de nascimento de Nicolau Nasoni e da colocação da primeira pedra dos Clérigos, há 291 anos. Dois momentos assinalam esta tripla efeméride na Invicta.
1 Junho 2023, 17h17

Pintor e arquiteto de origem italiana, Nicolau Nasoni nasceu a 2 de junho de 1691, na Toscana. Viveu noutras paragens até se fixar no Porto, onde, 41 anos depois de nascer, assistiu à colocação da primeira pedra dos Clérigos. Em Dia de Itália, a celebração fala mais alto e faz-se de música – italiana, pois claro – e dança vertical, naquela que é considerada como a obra-prima do Barroco portuense, os Clérigos.

Às 18h00, a Igreja dos Clérigos recebe o Ensemble Vivan para um concerto onde se aprecia uma sonoridade única com uma programação de compositores italianos do período clássico e barroco, onde impera a música italiana, especialmente pensada para assinalar o dia da Festa da República Italiana e do nascimento de Nicolau Nasoni, em 1691.

O Ensemble Vivan é um grupo de música de câmara em atividade há 15 anos, e apresenta-se em palco com várias formações, desde duo a quinteto, sendo composto por solistas da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Este evento conta com o apoio da Associação Socio-Culturale Italiana del Portogallo (ASCIPDA), e tem entrada gratuita, limitada aos lugares disponíveis.

Às 21h30 de dia 2 de junho, e dando seguimento à homenagem da Irmandade dos Clérigos a Nicolau Nasoni, por ser o Dia de Itália e coincidir, também, com o aniversário do nascimento de Nicolau Nasoni e com o lançamento da primeira pedra dos Clérigos, em 1732, haverá um espetáculo de dança vertical aberto à cidade.

Paulina Almeida interpretará uma dança na fachada principal da Torre, numa performance dedicada a Itália, a Nasoni e ao lançamento da primeira pedra, acompanhada pelo som dos saxofones de Henk van Twillert e dos Vento do Norte.

Não se fala em Clérigos nem no Barroco portuense sem se falar em Nasoni

Pintor e arquiteto de origem italiana, Nicolau Nasoni nasceu a 2 de junho de 1691, na Toscana, e faleceu a 30 de agosto de 1773, no Porto, recebendo sepultura na “sua” Igreja dos Clérigos, obra-prima do Barroco nortenho.

Iniciou a sua carreira artística na cidade de Siena, enquanto discípulo do pintor Giuseppe Nasini. De Siena segue para Roma e, mais tarde, para Malta. Em 1723 encontrava-se ao serviço do grão-mestre Frei António Manuel de Vilhena, e coube-lhe a tarefa de piintar algumas dependências do Palácio dos Grãos-Mestres, em La Valetta. Aqui estabelece ligações com o portuense Frei Roque de Távora e Noronha, irmão do deão da Sé do Porto, e acabou por ser contratado para uma empreitada nas obras de renovação da Catedral portuense. É neste contexto que se fixa no Porto, em 1725.

Como arquiteto, Nasoni marcaria o Barroco setecentista na Invicta. E se o rol de obras aí edificadas, decoradas ou com intervenções suas é longo, por razões óbvias, vamos aqui destacar a sua primeira e emblemática obra: a Igreja, enfermaria e Torre dos Clérigos, cuja construção se iniciou em 1732, por encomenda da Irmandade dos Clérigos, congregação religiosa surgida no Porto 1707. Um conjunto arquitetónico que é considerado a obra-prima do Barroco portuense.

Breve apontamento sobre os Clérigos

Em finais de 1731, Nasoni viu o seu plano para a nova igreja aprovado. No ano seguinte, iniciam-se as obras na Igreja dos Clérigos, consagrada a Nossa Senhora da Assunção.

No dia 2 de junho de 1732, foi então lançada a primeira pedra da construção da Igreja. “Na véspera, já a cidade se tinha preparado para anunciar o momento, acendendo luminárias nas casas dos membros da Irmandade dos Clérigos, em casas particulares e noutras comunidades religiosas. No dia propriamente dito, o Porto assistiu ao transporte da primeira pedra em procissão desde a igreja da Misericórdia ao lugar onde viria a ser construída a Igreja, num ambiente de grande aparato cenográfico”, lê-se no site oficial dos Clérigos.

Sabe-se que trabalharam no estaleiro da obra os mestres arquitetos António Pereira, Miguel Francisco da Silva e, a partir de 1745, Manuel António de Sousa. Nesse ano foi realizada uma vistoria na presença de Nicolau Nasoni, tendo-se concluído que os alicerces da fachada não a suportariam. Essa parte da obra foi refeita e concluída em 1750.

A casa dos clérigos – enfermaria e secretaria – foi concretizada entre 1754 e 1759, porém, o verdadeiro ex-líbris desta casa religiosa é a torre sineira, mais conhecida como Torre dos Clérigos, edificada entre os anos de 1757 e 1763. Com uma altura de 75,6 metros, reparte-se por quatro andares, que funcionam como museu do espólio da Irmandade.

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