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‘Data Science’ já tem associação em Portugal

A promoção da ética e da segurança e a regulação da profissão são campos de intervenção prioritários da nova associação. A Data Science já foi considerada a “profissão mais sexy” do século XXI.
  • Cristina Bernardo
25 Janeiro 2018, 06h40

Cinco pessoas estão em risco de cair de um precipício, mas o robô só pode salvar uma. Quem? Pela regra básica do pai da ficção científica Isaac Asimov, autor de “Eu, Robô”, um robô “não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal…”. Neste caso, porém, o robô teria que optar. O que faria? Salvar a criança, que representa o futuro, ou o Presidente da República, que é a pessoa mais importante da sociedade…?!

“Há muita coisa por definir no domínio da inteligência artificial. Como profissionais desta área, temos uma responsabilidade acrescida. Não é só mandar uns palpites ou escrever uns artigos de opinião, temos que fazer alguma coisa com mais substância”, declara Fernando Matos, presidente da recém-criada Associação Portuguesa de Data Science ao Jornal Económico. “Se fizermos algo mais profissional e de forma concertada, vamos ter uma força completamente diferente, envolvendo mais pessoas e obtendo melhores resultados”, acrescenta.

A ética tem um papel fundamental a desempenhar no rumo que a sociedade do futuro vai tomar. Cabe-lhe, por decisão do homem, balizar as fronteiras da inteligência artificial, uma das vertentes da Data Science, o admirável mundo novo dos dados. A ética é, por essa razão, um dos vetores da estratégia da Associação. A educação/formação é outro. E a segurança um terceiro. A par de vários outros sobre os quais a Associação se debuçará oportunamente.

A Data Science não se confunde com a Informática. É uma nova área do conhecimento, ou melhor, uma ciência: um misto entre saber fazer as perguntas certas, dominar a tecnologia, dominar a ciência, a matemática, a física, o que for necessário, para compreender os modelos e depois apresentar os dados de forma intuitiva, clara, transparente para que o decisor possa tomar decisões baseadas nos insigts que retirou dos dados.

A necessidade de refletir e atuar em cooperação estão, como vinca Fernando Matos, na base da criação desta Associação por 19 nomes experientes do mundo das tecnologias, com conhecimento diversificado em vários domínios específicos do setor, alguns dos quais oriundos de grandes empresas e das melhores tecnológicas portuguesas. Entre os seus objetivos figuram a promoção de regulação, ética e segurança; a promoção do empreendedorismo e inovação das empresas portuguesas; a promoção e apoio a projetos de utilidade pública no âmbito de Data Science; a cooperação com entidades públicas, empresas e instituições universitárias; e a certificação e formação de profissionais de Data Science.

Certificação? Fernando Matos defende que em termos profissionais, por exemplo, “faz sentido a existência de níveis diferentes de senioridade, por exemplo, ‘Data Science de nível 1 e Data Science de nível 2’, etc.” Na hora de contratar, de promover, etc., a empresa saberia, a priori, que tipo de experiência tem o profissional que está sentado à sua frente.

Os sistemas de informação foram criados para poder recolher insights dos dados e da informação existente, mas muitas das técnicas hoje utilizadas existem há anos. “O que hoje é diferente é a complexidade crescente”, vinca Fernando Matos, justificando: “Hoje há imensamente mais dados e muitíssima maior capacidade computacional”. Empresas, instituições, governantes enfrentam um mundo de dados, com os quais é a cada minuto que passa mais difícil de lidar. Em qualquer projeto empresarial, explica o gestor, “as possibilidades são tantas que se não houver alguém realmente especializado ou se não houver cuidado com o que se vai fazer, no final, o projeto poderá não responder às perguntas que os gestores verdadeiramente precisavam.”

Entrevista publicada na íntegra edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão

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