DBRS: Banca vai beneficiar da subida dos juros, mas risco de malparado pesa

Apesar de a margem da banca nacional beneficiar da subida das taxas de juro, a DBRS alerta que isto pesa na capacidade das famílias de pagarem as prestações da casa. Nesse sentido, prevê, o risco de um aumento do crédito malparado deverá manter-se no médio prazo, numa altura em que ainda não há um fim à vista para a normalização da política monetária.

A banca portuguesa deverá continuar a beneficiar do impacto positivo da subida dos juros juro nas margens. Contudo, alerta a DBRS, o aumento das taxas também se traduz num aumento das prestações que as famílias pagam aos bancos. Nesse sentido, o risco de um aumento do crédito malparado deverá manter-se no médio prazo.

“A grande maioria dos créditos à habitação em Portugal é a taxa variável”, relembra a agência de notação numa nota divulgada esta quinta-feira. “Por isso, a subida célere das taxas de juro em 2022 contribuiu para um aumento do serviço da dívida” dos clientes bancários, num período marcado por uma inflação elevada e receios de um abrandamento económico. Isto levou o Governo a adotar um conjunto de medidas para apoiar quem tem crédito à habitação.

“Na nossa perspetiva, estes riscos vão persistir em 2023”, estima a DBRS, salientando que poderá aumentar a dificuldade das famílias em pagar a dívida aos bancos, uma vez que ainda não há um fim à vista para a subida das taxas de juro.

Nesse sentido, e apesar de prever que “a margem financeira dos bancos vai continuar a beneficiar da subida das taxas de juro”, a agência alerta que “os riscos em torno da qualidade dos ativos vai permanecer no médio prazo”.

Ainda assim, realça, há vários fatores que ajudam a mitigar estes riscos para a banca. “O sector bancário já fez melhorias significativas em termos de desalavancagem e de redução dos ativos tóxicos”, afirma na nota. Por outro lado, o apoio prestado pelo Governo durante a pandemia, nomeadamente com a adoção das moratórias no crédito, “protegeu os bancos da deterioração” dos créditos, aumentando, por outro lado, os depósitos bancários. Dinheiro que pode ser usado pelas famílias para fazer face ao pagamento da dívida.

Além disso, os fundamentais económicos de Portugal ajudaram a mitigar os desafios no sector financeiro. “Apesar de as pressões inflacionistas estarem a provocar um abrandamento da economia, o mercado laboral sólido, o elevado rendimento disponível das famílias e a robustez do mercado imobiliário ajudaram a mitigar o impacto da inflação elevada e subida das taxas de juro nas famílias”, remata a DBRS.

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