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Debate sobre alojamento local esquece contributo no combate à desertificação

Numa altura em que se discute a saturação do alojamento local nas cidades de Lisboa e do Porto, a principal associação do setor destaca o papel destas unidades no desenvolvimento do interior e no combate à desertificação.
2 Setembro 2018, 14h06

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, lamentou o facto de o debate sobre o alojamento local se “restringir sempre a quatro ou cinco freguesias de Lisboa e Porto”, quando “está presente em 293 concelhos e 1.767 freguesias do continente e Madeira (os Açores têm um registo próprio).

“Desde o início do ano, enquanto só se falava do impacto do alojamento local em algumas poucas freguesias do centro histórico de Lisboa e do Porto, mais de 180 freguesias recebiam pela primeira vez um registo de alojamento local. A discussão centrada nestas duas cidades tem deixado de lado esta realidade”, apontou.

O presidente da ALEP destacou a “cadeia de benefícios” que este alojamento tem comportado para as cidades e aldeias do interior, sublinhando o facto de milhares de particulares poderem “rentabilizar os seus imóveis”, ao mesmo tempo que ajudam a “promover os seus territórios, captando mais turistas e mais emprego”.

“Aqui [interior] o turismo chega de forma sustentável, silenciosa, mas com um impacto positivo, importante na economia local e na fixação da população. No entanto, esta revolução silenciosa está constantemente a ser abafada pelo mediatismo dos grandes centros urbanos”, lamentou.

Eduardo Miranda referiu que “alguns dos destinos mais inovadores e sustentáveis dependem e vivem essencialmente do alojamento local, como é o caso do nicho do surf em Peniche (distrito de Leiria) e na Ericeira (distrito de Lisboa) ou do turismo realizado nos Parques Naturais da Costa Vicentina (Alentejo e Algarve).

“É fundamental entender que o alojamento local não é uma moda, uma tendência de nicho, mas sim um dos pilares do turismo e que pela sua diversidade de oferta pode ser uma parte fundamental do posicionamento estratégico do turismo nacional”, defendeu.

O alojamento local, referiu, “não só contribui para uma descentralização do fluxo turístico como também permite criar uma imagem diferente e diversificada do país”.

Já dentro das grandes cidades, é notória, para a associação a competitividade destes espaços – o presidente da ALEP não tem dúvidas de que foram essenciais para dar suporte a eventos de grande dimensão que se realizaram em Lisboa, como a Eurovisão, WebSummit ou a final da Liga dos Campeões entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid.

A ALEP estima que atualmente existam cerca de 33 mil famílias a depender em parte ou na totalidade do alojamento local para seu sustento, operando neste setor cerca de sete mil microempresas.

“Um dos aspetos pouco divulgados é a contribuição do alojamento local para a criação de um grande número de empresas e postos de trabalho destinados a apoiar a sua operação, nomeadamente empregados de limpeza, lavandarias, empresas de tecnologia, de animação turística, entre outras”, indicou.

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