Descubra a NAV, segundo o humor do secretário de Estado das Comunicações

“Comemorar datas redondinhas retira-nos por momentos das rotinas do tempo e convoca-nos para um olhar mais interpelativo e crítico sobre o uso que temos feito dele. É assim com os homens e não é diferente com as instituições. Somos dados a balanços. Aos vinte, o mundo é nosso, aos 40 temos crises existenciais, aos 60 ficamos mais sábios e maldizemos o desperdício e a fugacidade da nossa condição”, foi assim de Alberto Souto de Miranda, secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, iniciou a sua intervenção na cerimónia de comemoração do 20º aniversário da NAV, que decorreu na sede da empresa, em Lisboa, no passado dia 17 de janeiro.

Admitindo que “a diferença é que o tempo costuma ser mais misericordioso com as instituições”, o governante relembrou que, “por enquanto, ainda é mais fácil recauchutar e substituir os sistemas de navegação nas instituições do que no nosso cérebro”.

“Mas, a avaliar pelo que dizem os futurólogos, a digitalização dos neurónios e dos dados, cruzada com a engenharia biológica dos tecidos orgânicos, vai ser diferença de pouca dura. Espero que resistam os pontos cardeais da moral, para podermos navegar rectamente na vida”, advertiu Alberto Souto de Miranda.

Continuando com uma boa disposição assinalável, o secretário de Estados das Comunicações prosseguiu: “A NAV está com vinte aninhos e com todos os sintomas deles: não vejo a prancha de surf, é certo, mas está plena de energia, de desafios novos, com capacidade de aprendizagem de sistemas de nova geração, numa correria a bater recordes, a renovar um apartamento recheado de ‘gadgets’ tecnológicos”.

“Felizmente, é uma jovem responsável: nunca chega tarde, não dorme fora de horas, descansa sempre entre a meia -noite e as 6 da manhã – bem, de vez em quando faz umas diretas e tem de ajudar amigos ruidosos que se deitam depois da hora e se  levantam sem respeitar o sono dos outros [as companhias aéreas], mas, em geral é disciplinada, gere bem a mesada e nem pede dinheiro aos pais que moram junto ao Tejo [Ministério das Finanças], é organizada e respeitadora. É provável que os 40 venha a ter uma crise existencial porque o Céu Único Europeu pode vir a cair-lhe em cima e que aos 60 esteja mais sábia, porque tudo será com inteligência artificial”, augurou Alberto Souto de Miranda.

Num registo diferente, o governante sublinhou a importância do ano de 2019 para a NAV por ter batido mais um recorde de gestão de voos no espaço aéreo nacional (855 mil voos); pelo acordo estabelecido com a Força Aérea, a Autoridade Aeronáutica Nacional e a ANAC para a reorganização do espaço aéreo da região de Lisboa, que consagra a cedência de espaço das servidões militares em Sintra e uma parte em Monte Real; pela possibilidade que este acordo traz de implementar, a partir de abril de 2020, do sistema ‘Point Merge’, uma fila de espera aérea organizada; e a aquisição da aquisição do novo ‘ATM TOPSKY’ e a integração na Coopans, que será aceite em Junho de 2020 e entrará em operação após a formação, reprogramada para entrar em operação em Janeiro de 2022.

“Os projectos em curso são vários e todos estimulantes. Não têm sempre o ritmo que a NAV e o Governo desejariam. Portugal é um país em que, não raro, as entidades públicas não planeiam em conjunto como deveria acontecer em prol do bem comum e privilegiam as suas agendas específicas e idiossincrasias próprias, penalizadoras da nossa eficiência global como país”, lamentou Alberto Souto de Miranda.

“Nos próximos dez anos, a NAV vai ter uma nova história de sucesso para celebrar. Não estou certo de que ainda esteja a desempenhar estas funções…. Mas estou certo de que com as novas torres de controlo, a nova sala de operações, o ‘Topsky’, o ‘Point Merge’, as saídas rápidas no velho aeroporto e um novo aeroporto no Montijo, a NAV poderá celebrar os próximos aniversários em muito melhores condições operacionais”, perspetivou o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações.