Em 2018, assistiu-se a uma nova corrida ao ouro. Segundo os dados da World Gold Council (WGC), uma organização que estuda e analisa a indústria do ouro, no relatório sobre as tendências da indústria do ouro do ano passado, publicado no último dia de janeiro, os bancos centrais de todo o mundo compraram, no total, 651,5 toneladas deste metal precioso, isto é, 74% mais do que em 2017.
Olhando para os dados históricos do relatório da WGC, desde que o presidente norte-americano, Richard Nixon, suspendeu a conversão do dólar em ouro, em 1971, os bancos centrais não compravam tanto ouro. A WGC estima ainda que os bancos centrais de todo o mundo têm, atualmente, os cofres cheios e a luzir a dourado, com 34 mil toneladas deste material precioso.
Esta corrida ao ouro do século XXI deve-se ao aumento da “incerteza geopolítica e económica ao longo do ano”, levando os bancos centrais a “diversificarem as suas reservas e a recentrarem as atenções no investimento em ativos líquidos e seguros”, explicou a WGC.
Entre os bancos centrais que mais ouro compraram em 2018 – leia-se, governos ou países -, a Rússia de Vladimir Putin ocupa o primeiro lugar da lista. Inserida numa estratégia de “des-dolarização”, isto é, vender obrigações do tesouro norte-americano, o Banco Central da Federação Russa comprou 42% de todo o ouro comprado pelos bancos centrais mundiais, em 2018, aumentando as suas reservas de ouro em 274,3 toneladas. “As reservas de ouro da Rússia estão a aumentar há 13 anos consecutivos”, diz o relatório da WCG. No total, o Banco Central da Rússia tinha 2.113 toneladas de ouro no final do ano passado.
Segundo a Bloomberg, citando dados da consultora Metals Focus, os bancos centrais deverão comprar mais 600 toneladas de ouro em 2019. “As compras, que vão ajudar os bancos a diversificar os ativos cambiais num momento de volatilidade política extraordinária, demonstram que o valor do metal vai aumentar”, lê-se na publicação.
Esta tendência compradora dos bancos centrais contrasta com o comportamento de há uma década, altura em que os bancos não eram compradores de ouro.
Esta segunda-feira, uma onça está a valer 1304,7 dólares.
Portugal entre os países com mais reservas de ouro
Segundo os dados da WGC, publicados pela Trading Economics, Portugal acabou o ano de 2018 com 382,5 toneladas de ouro, fazendo do nosso país, sem contar com a Zona Euro, o décimo-segundo país mais rico em ouro do mundo. Confira a lista abaixo com os 20 países com mais ouro no final de 2018 ou, em alternativa, clique aqui.
- Estados Unidos da América, 8133.46 toneladas
- Alemanha 3369.70 toneladas
- Itália 2451.80 toneladas
- França 2436.00 toneladas
- Rússia 2066.20 toneladas
- China 1842.60 toneladas
- Suíça 1040.00 toneladas
- Japão 765.20 toneladas
- Holanda 612.50 toneladas
- Índia 592.00 toneladas
- Zona Euro 504.77 toneladas
- Taiwan 423.60 toneladas
- Portugal 382.50 toneladas
- Cazaquistão 345.40 toneladas
- Arábia Saudita 323.10 toneladas
- Reino Unido 310.30 toneladas
- Líbano 286.80 toneladas
- Espanha 281.60 toneladas
- Áustria 280.00 toneladas
- Turquia 253.10 toneladas