Desenvolvimento alterou mapa e imagem da ilha da Madeira, mas foi moeda de duas faces

Uma política baseada em obras públicas, apoiada por milhões de euros de fundos comunitários, desenvolvida nos últimos 38 anos mudou a imagem e o mapa da Região Autónoma da Madeira, operando um desenvolvimento que é uma moeda de duas faces. A ampliação da pista do aeroporto da ilha, a modernização e construção de portos, a […]

Uma política baseada em obras públicas, apoiada por milhões de euros de fundos comunitários, desenvolvida nos últimos 38 anos mudou a imagem e o mapa da Região Autónoma da Madeira, operando um desenvolvimento que é uma moeda de duas faces. A ampliação da pista do aeroporto da ilha, a modernização e construção de portos, a criação da Zona Franca foram apostas do governo de Alberto João jardim que contribuíram para o desenvolvimento económico da região.

Mas foi o projeto da construção de uma rede viária, com uma via rápida com 44 quilómetros ligando o Caniçal [extremo Este] à Ribeira Brava [oeste), complementada por oito ‘vias expresso com um total de 82 quilómetros que se tornou a imagem que melhor exemplifica a alteração física do mapa da ilha.

Esse empreendimento incluiu a construção de dezenas de viadutos e túneis (o maior dos quais com 3.000 metros ligando o sul ao norte da ilha), perfurando montanhas e ligando vales que passaram a constituir uma alternativa às estradas regionais que serpenteiam o território, e aproximaram as localidades.

“A Madeira registava um atraso considerável antes da entrada do dr. Alberto João Jardim, antes do 25 de abril”, disse à agência Lusa o economista Luis Baptista.

Na sua opinião, “Jardim provocou uma nova dinâmica na economia da Madeira”, sublinhando que o “investimento público ao nível das estradas é incontestável” e que a criação da Zona Franca da Madeira foi um outro aspeto positivo da sua governação.

“O trabalho que foi feito na Madeira nos últimos 40 anos de desenvolvimento económico e social é inestimável e bastante bom”, declarou também o engenheiro mecânico António Ferreira, apontando que “basta só pensar como era a Madeira e o que é hoje, a nível de infraestruturas, tecido social e económico”.

No seu entender “houve uma transformação para melhor” neste arquipélago.

A criação da Universidade da Madeira, a construção de escolas e centros de saúde em todos os concelhos, a edificação de bairros sociais e de lares para idosos, além de ter “levado” a energia elétrica e redes de água potável a toda a região são alguns exemplos de infraestruturas que melhoram as condições de vida dos residentes neste território.

Também a criação de praias de areia amarela, importada de Marrocos, que complementam as tradicionais de calau rolado são outras marcas deixadas no litoral dos concelhos da Calheta e de Machico.

Mas a “moeda desenvolvimento” da Madeira tem uma outra face.

Luis Batista aponta como aspetos negativos “o facto de o investimento na Madeira não ter sido mais produtivo, ou seja, um investimento no presente para criar mais riqueza no futuro”, criticando ainda o “excesso de endividamento que atingiu um valor significativo que pode condicionar e limitar o futuro e o desenvolvimento da região”.

Igualmente, António Ferreira argumenta que a região “conseguiu fazer obra”, mas sublinha que neste “processo houve coisas que não foram bem feitas, exageros, que agora é preciso retificar”.

Uma mais moderna rede viária facilitou as deslocações e a circulação, mas acabou por “matar” o pequeno comércio ao longo das estradas regionais.

Como erros da governação de Jardim são frequentemente apontados os casos da Marina do Lugar de Baixo (Ponta do Sol) e o heliporto no concelho do Porto Moniz, no norte da ilha, que também não tem tido utilização, alem de piscinas, campos de futebol, parques empresariais, o Fórum de Machico.

Alvo de censura por muitos é o facto de o governo de Jardim também ter colocado de lado o projeto da construção de um novo hospital, optando por investir na ampliação da atual unidade.

Porém, o pior resultado do desenvolvimento foi o seu contributo para o surgimento de uma dívida pública regional avaliada em 6,3 mil milhões de euros que travou a trajetória de crescimento e desenvolvimento da Região, sujeitando os madeirenses a um programa de resgate celebrado com a República que colocou a Madeira à procura da luz ao fundo do túnel.

OJE/Lusa

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