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Desenvolvimento turístico do Porto Santo depende dos transportes aéreos

O Governo regional da Madeira garante que “o Porto Santo atravessa, neste momento, um novo ciclo de desenvolvimento económico. Uma dinâmica que é visível e especialmente sentida por aqueles que vivem nesta ilha”.
9 Janeiro 2017, 16h52

Contudo esta perspetiva otimista está longe de ser partilhada, quer pelos partidos políticos da oposição, quer por diversos agentes económicos locais, que recordam o facto de que, excetuando os três meses de verão (de junho a meados de setembro) nos quais a procura de turistas chega a duplicar ou mesmo a triplicar a população residente (cerca de 6.000 pessoas), as principais unidades hoteleiras do Porto Santo tem encerrado nos últimos anos entre 2 a 3 meses por falta de e rentabilidade devido à falta de turistas.

Nos meses de Verão os turistas que procuram o Porto Santo, e que chega a preencher a totalidade da disponibilidade hoteleira na ilha, cerca de 5.500 camas, viajam através de operadores que elaboram aliciantes programas – viagens e estadia com a opção “tudo incluído” que se institucionalizou nos hotéis locais, para desagrado dos pequenos comerciantes.

Contudo, durante os meses de verão, onde a procura da ilha pelos residentes na Madeira é mais significativa, cerca de 80% dos visitantes – apesar de não haver estudos – optam pelo arrendamento de casas particulares, muitas delas construídas por particulares apenas para serem comercializadas.

O Governo Regional da Madeira institucionalizou o subsídio de mobilidade para estimular a procura do Porto Santo nos meses de menos afluência. O subsídio devolve ao passageiro madeirense parte do custo da viagem no ferry “Lobo Marinho” (neste momento em manutenção por várias semanas) mas continuam a subsistir despesas com a estadia que não são insignificantes, pelo contrário.

Há contudo a esperança de que a situação se altere paulatinamente numa ilha que tem o descanso e a praia como suas principais bandeiras de promoção turística – o golfe que foi uma grande aposta, tem vindo a perder influência na procura da ilha.

No domínio das ligações aéreas – e com o concurso para a concessão da linha Porto Santo-Funchal-Porto Santo a poder ser aberto ainda este durante o mês de Janeiro, esperando as pessoas e os empresários locais que daí resultem significativas melhorias na qualidade do serviço prestado – destaca-se uma operação inédita de inverno com a Dinamarca (que se repete pelo segundo ano consecutivo, e que foi prolongada de 3 para 7 meses), a continuidade da operação de Verão com a Alemanha, reforçada com mais um voo semanal desde Frankfurt que se junta à de Dusseldorf, a recuperação da ligação direta a Lisboa (TAP) no Inverno IATA 2015-2016, reforçada com mais quatro frequências de Junho a Setembro (com os horários reajustados à procura local e turística), ligação esta que se manterá no inverno 2016 – 2017.

Isto tem tido reflexos no tráfego de passageiros no aeroporto do Porto Santo:

  • mais 89,1% só no mês de Novembro (operação Dinamarca, iniciada em Outubro);
  • mais 26% entre Janeiro e Novembro (150 mil passageiros no total)

Sustentam as autoridades regionais que tem sido possível manter e reforçar o interesse das companhias aéreas e dos operadores, refletido no aumento do número de frequências semanais, tanto no Verão de 2016 (+36) como neste inverno IATA 2015/2016 (+32), a que se juntam as novas operações já conseguidas, quer para a Madeira, quer para o Porto Santo.

No Verão IATA 2016 os resultados foram animadores:

  • mais 386 mil lugares
  • mais 36 frequências semanais
  • mais 18% em passageiros comparativamente ao Verão de 2015

Quanto ao Inverno IATA 2016/2017 as estatísticas são igualmente animadoras:

  • mais 192 mil lugares
  • mais cerca de 32 frequências semanais
  • mais 19% em passageiros face ao Inverno IATA anterior

Recorda-se que em 2014, a Câmara Municipal do Porto Santo perante o facto de que quase todas as unidades hoteleiras do Porto Santo encerrariam nos meses de Inverno, reduzindo a capacidade de alojamento da ilha às poucas pensões e residenciais, adotou medidas penalizando fiscalmente as infraestruturas que mantivessem a decisão de encerrar.

“É óbvio que a câmara não pode ficar indiferente a essa medida, que é prejudicial ao destino e à economia local, para já não falar nos trabalhadores que ficarão em lay-off, declarou na altura à Lusa o autarca, Filipe Menezes.

O grupo Pestana encerra os dois hotéis que explora na ilha, decisão que passou a ser seguida pelo grupo Sousa, que tem três unidades, a par da concessão da ligação marítima entre o Funchal e a Ilha Dourada. Também o INATEL encerra a sua unidade.

O Porto Santo tem sete unidades hoteleiras e uma capacidade de 2000 camas mas nos primeiros três meses do ano fica com o alojamento reduzido a poucas centenas de camas, distribuídas por residenciais, pensões e alojamento local. O autarca lembrou que a ilha fica também sem possibilidade de responder a solicitações de alojamento no caso dos passageiros dos aviões que divergem do aeroporto da Madeira devido ao mau tempo, situações recorrentes no Inverno.

Filipe Menezes lembrou então que os grupos hoteleiros estão isentos de Imposto Municipal sobre Imóveis e outros impostos, “porque invocaram interesses públicos subjacentes ao desenvolvimento da ilha e esbatimento da sazonalidade”, fazendo portanto o contrário do que tinham prometido.

Para o autarca, “estes grupos hoteleiros não podem apenas virar costas à ilha depois de virem no verão ganhar dinheiro, terem maximização dos lucros”. Face à polémica então surgida, o grupo Sousa garantiu que o encerramento dos seus dois hotéis era “a única medida de gestão possível neste momento para salvaguardar todos os postos de trabalho”. Acrescentou que a mesma se relaciona exclusivamente com a “sazonalidade do destino e a não existência de clientes”.

A anterior secretária regional do Turismo e Transportes da Madeira, Conceição Estudante, reconheceu que o Porto Santo é um destino marcado pela sazonalidade, disse ser negativo manter um hotel aberto sem clientes e sugeriu que o período de Inverno fosse utilizado para formação e trabalhos de recuperação das unidades.

Embora a sazonalidade seja uma realidade indesmentível, que nem as operações aéreas programadas no Inverno IATA 2016/2017 consegue disfarçar, todos reconhecem haver muito trabalho complementar a realizar, numa ilha que pouco ou nada oferece aos visitantes, quer em termos de animação quer de outras alternativas.

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