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Destituição de Donald Trump é uma questão de tempo?

Antigo membro da administração Clinton e atual Secretário do Trabalho do Partido Democrata dos EUA, diz que a destituição de Trump é “uma questão de tempo” e existem bases legais para que tal aconteça.
  • Carlos Barria/REUTERS
16 Maio 2017, 15h55

Numa coluna de opinião na revista Newsweek, Robert Reich, antigo membro da administração Clinton e atual Secretário do Trabalho do Partido Democrata, afirma que existem bases legais para a destituição de Donald Trump do cargo de Presidente dos EUA, bastando que os republicanos “coloquem a lealdade ao seu país acima da lealdade ao seu partido” para que tal aconteça.

De facto, de acordo com a lei dos EUA, a Câmara dos Representantes detém o poder de iniciar o processo de destituição, que tem de ser aprovado por maioria. Assim, na opinião de Reich, “nada acontecerá até que 22 congressistas republicanos se unam aos democratas na Câmara dos Representantes, pressionando assim o presidente desta câmara a considerar tal lei”. E acrescenta: “A previsão de tal acontecer nesta legislatura, nas condições atuais, é de aproximadamente zero.”

Para Reich, a questão da destituição coloca-se fruto de uma eventual “obstrução da justiça” levada a cabo durante o processo de despedimento de James Comey do cargo de diretor do FBI, numa altura em que investigava a interferência da Rússia nas eleições nos EUA e as ligações da equipa de Trump a Putin. “A lei é razoavelmente clara. Se Trump despediu Comey para não ser investigado, isso constitui uma obstrução da justiça, o que é base para uma destituição”, escreve Reich, acrescentando ainda que o tweet de Trump no passado dia 12 de maio – “Será melhor para James Comey que não existam ‘gravações’ das nossas conversas antes de ele ir aos jornais” – também pode ser visto como obstrutivo da justiça.

O despedimento de James Comey tem sido o motivo pelo qual outros democratas pedem a destituição do atual presidente, como aconteceu recentemente com Al Greeen, congressista do Estado do Texas, e com Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado. Mas alguns republicanos de primeira linha começam a alinhar-se com o partido democrata. Exemplo disso são as mensagens dos senadores John McCain e Lindsey Graham no Twitter. O primeiro escreveu que “a remoção do diretor Comey só confirma a necessidade de um [comité] seleto para investigar” as ligações russas de Donald Trump. Graham acrescentou que “dadas as recentes controvérsias em torno do diretor [Comey], acredito que começar de novo vai servir os interesses do FBI e da nação”.

Enquanto nos EUA nada acontece, os ecos da possível ligação entre Donald Trump e o Governo russo já chegaram à Europa e poderá ter consequências mais visíveis. A agência noticiosa Associated Press revelou que existe pelo menos um país europeu disposto a deixar de partilhar informação com os EUA se se verificar que Trump partilha a informação recolhida pelos serviços secretos norte-americanos com a Rússia. Sem identificar que país será, a AssociatedPress adianta que a fonte declarou que partilhar informação com os EUA “pode ser um risco para as nossas fontes”.

Apesar de ser o mais mediático, a ligação entre Trump e a Rússia não é o único motivo pelo qual se pede a destituição do atual presidente dos EUA. Desde que Trump foi eleito que a Free Speache For People, uma ONG norte-americana tem em marcha uma campanha para recolha de assinaturas para a destituição de Trump. No site https://impeachdonaldtrumpnow.org, a base desta ação, surge a informação de terem sido recolhidas já mais de 972 mil assinaturas.

Para esta ONG, as causas para a destituição são os interesses financeiros que Donald Trump mantém fora dos EUA, que violam a Constituição daquele país, que impede qualquer agente federal de receber “presentes ou emolumentos de qualquer rei, príncipe ou estado”, o que, no entender desta campanha, acontecia antes de Trump ter chegado ao cargo e continua a acontecer.

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