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Destroços do Titanic vão ser protegidos por Reino Unido e EUA em “tratado histórico”

Passados 107 anos do desastre, os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos da América assinaram um tratado de proteção dos destroços do navio contra os danos causados por quem o explora e quer remover os artefactos nele presente.
  • DR
21 Janeiro 2020, 20h25

A viagem começava a 10 de abril de 1912, mas quatro dias depois as notícias davam conta de um naufrágio a meio do Oceano Atlântico. Esta mesma viagem transatlântica foi retratada em 1997 pela visão de James Cameron, que utilizou Kate Winslet e Leonardo DiCaprio para retratar a história de uma sobrevivente do desastre do RMS Titanic.

A história mundial conta que o navio saiu de Southampton, no Reino Unido, com destino a Nova Iorque, mas nunca lá chegou. O naufrágio aconteceu a 14 de abril de 1912, quando o navio “inafundável” chocou contra um icebergue e deixou 1.514 mortes e menos de 700 sobreviventes.

Agora, passados 107 anos do desastre, os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos da América assinaram um tratado de proteção dos destroços do navio contra os danos causados por quem o explora e quer remover os artefactos nele presente, avança o ‘The Guardian’.

Com este acordo, é concedido aos dois governos o poder de autorizar ou negar licenças para os exploradores entrarem nas secções do casco do Titanic e remover artefactos que se encontra fora do navio mas que lhe pertencem. A UNESCO já tinha concedido um nível básico de proteção contra os destroços mas como o navio afundou em águas internacionais, este não era protegido por uma legislação explícita.

O departamento de transportes do Reino Unido apontou que este tratado significa que as atividades não autorizadas pelos governos britânico e norte-americano serão punidas com multas pesadas. De relembrar que o oceanógrafo Robert Ballard descobriu a posição exata do navio em 1985.

Empresa RMS Titanic contra acordo governamental

Apesar de não quererem que se retire objetos históricos do navio, a empresa RMS Titanic quer iniciar uma operação de resgate a alguns “tesouros históricos”, segundo o ‘The Telegraph’. O plano da empresa é utilizar robôs subaquáticos para “remover cirurgicamente” parte do tecto do navio para recuperar alguns itens preciosos.

Um dos principais objetivos da RMS Titanic é resgatar um equipamento enferrujado de comunicação, que representa uma imagem duradoura da tragédia do naufrágio. Trata-se então do comunicador Marconi, utilizado enquanto o navio se partia em dois e se afundava.

Um documento da empresa e consultado pelo ‘The Telegraph’ assume que “nos próximos anos, o navio deverá entrar em colapso, potencialmente enterrando para sempre os restos do rádio mais famoso do mundo”.

A empresa quer avançar com a exploração o quanto antes, num processo que seria difícil e perigoso por os destroços se encontraram a 3.843 metros de profundidade e a 650 quilómetros de Terra Nova, no Canadá, além das correntes oceânicas na zona serem traiçoeiras.

O processo será filmado por dois robôs subaquáticos enquanto o outro irá utilizar os seus “manipuladores” mecânicos para “perfurar o revestimento do convés, conforme o necessário”. O presidente da RMS Titanic, Bretton Hunchak, sustentou que estão interessados em preservar a história e não lucrar com a investigação, tanto que para tal pediu a aprovação de descendentes de alguns sobreviventes.

“Esta é uma operação cirúrgica cuidadosa para resgatar um item historicamente significativo, para que ele possa ensinar as gerações futuras sobre a história do Titanic”, apontou ao ‘The Telegraph’ que teve acesos a toda a história. “Sabemos que os destroços estão a deteriorar-se rapidamente. Porque vamos deixar esses artefactos desaparecerem também?”, questionou, apontando que “devemos ao futuro proteger e preservar esses itens, antes que seja tarde demais”.

De um total de oito expedições, entre 1987 e 2004, a empresa recuperou perto de 5.500 artefactos do largo campo de destroços ao redor da embarcação. Nestes objetos incluem-se loiças, chapéus, jóias com diamantes e uma peça solta do casco do navio. Muitas destas peças estão em exibição em Las Vegas e em Atlanta, enquanto outras foram vendidas a investidores num total de 17 milhões de euros.

Início da viagem do Titanic II

Também conhecido como ‘A Réplica’, o segundo navio Titanic já se encontra em construção. O investidor Clive Palmer sustentou que dispunha de 440 milhões de euros para investir nesta construção, sendo que à data de construção o navio custou 7,5 milhões de dólares.

Até à data existiram duas propostas de construção do sucessor de Titanic, tendo a primeira sido anunciada em 2000 mas abandonada em 2006, enquanto a segunda proposta teria início para 2012 e a conclusão prevista para 2016, que foi entretando adiada para 2018 e posteriormente para 2022.

A data de 2022 poderia ser apenas uma coincidência mas faz precisamente 110 anos do choque frontal com o icebergue que afundou o “inafundável”. O multimilionário Clive Palmer criou a empresa Blue Star Line para criar a réplica perfeita do navio, estando este a ser construído à medida por fora e por dentro, com as decorações interiores a datarem o início de 1908. Uma diferença entre os dois é que o atual irá funcionar a gasóleo.

A tripulação de ‘Titanic, o Segundo’ pode ter até 900 colaboradores e transportar até 2.400 passageiros. No entanto, uma das diferenças mais marcantes em que Palmer insistiu foi que toda a gente deve ter um lugar nos botes salva-vidas. O navio original transportava 1.316 passageiros, com mais 900 tripulantes, num total de 2.216 passageiros para 1.178 lugares nos vinte barcos salva-vidas.

A ser construído na China, o navio vai beneficiar dos mais modernos equipamentos digitais de navegação. Sabe-se que depois de estar concluído, irá navegar até ao Dubai e depois para Southampton. Daí, no Reino Unido, a embarcação vai recriar o trajeto da viagem fatídica, tendo como destino Nova Iorque.

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