DGS lança guia sobre saúde mental no trabalho. Psicólogos receiam que fique “na gaveta”

A Ordem dos Psicólogos pede uma ação mais concisa na área da saúde mental, na qual defende a inclusão de psicólogos nas equipas de saúde ocupacional, sendo necessário alterar a lei.

O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) elogiou esta terça-feira o lançamento do guia de boas práticas e de vigilância dos riscos de saúde mental a que os trabalhadores estão sujeitos, elaborado pela Direção-Geral da Saúde, mas aponta que os decisores políticos não o devem colocar na “gaveta” nem adiar a promoção nos locais de trabalho.

Em comunicado, o bastonário admite “curiosidade para saber se o Governo, a Assembleia da República e as organizações em geral vão continuar a arranjar desculpas para adiar decisões que criem condições para a prevenção de riscos psicossociais e promoção da saúde mental nos locais de trabalho que são consensuais entre as diversas áreas científicas e técnicas”.

Francisco Miranda Rodrigues recorda que a Ordem dos Psicológicos alertou, em várias intervenções no Parlamento, “sistematicamente que este não é um assunto de concertação social, mas sim de saúde pública”, e que tem sido amplamente evidenciado pela pandemia de Covid-19.

A Ordem dos Psicólogos pede uma ação mais concisa na área da saúde mental, na qual defende a inclusão de psicólogos nas equipas de saúde ocupacional, sendo necessário alterar a lei.

“Se tem custos?! Claro que tem. Os custos de não fazer nada ou os custos que todos nós sentimos quando temos que mudar. Mudar custa no sentido que exige um esforço precedido de reconhecimento dos sinais dessa necessidade e de aceitação da mesma. Agora se estamos a falar de avaliar e intervir, isso não é um custo, mas sim um investimento com elevado retorno. Há evidência científica disso”, acrescenta o bastonário em comunicado.

Para Francisco Miranda Rodrigues, o lançamento do guia da DGS “é um impulso importante para que se passe das palavras aos atos nesta área. É uma oportunidade para mostrar que a preocupação com as pessoas vai além do que estas dão às organizações no imediato”.

O bastonário sublinha que o futuro encaminhamento de situações para os serviços de saúde, tal como recomendado no guia, vem tornar mais saliente a já insustentável falta de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde. “A solução não pode ser sempre medicar. É preciso dar outro tipo de respostas”, alerta Francisco Miranda Rodrigues.

Assim, o bastonário critica, em comunicado, a falta de preocupação dos empregadores com o bem-estar e saúde mental dos seus trabalhadores. “Até com as máquinas há preocupação que durem e estejam em boas condições. Como é que, com as pessoas, os empregadores apenas continuam preocupados com o facto de produzirem ou não?”, questionou o bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

“Felizmente há cada vez mais líderes, muitos de uma nova geração, mais conscientes e com uma visão mais informada pela ciência. Estes já perceberam que, não só têm que apoiar quem precisa no acesso aos serviços de saúde nesta área, como têm que avaliar de forma transparente os riscos psicossociais e mudar práticas de gestão e de liderança de modo a prevenirem os seus impactos”, adianta.

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