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Dia ‘D’ para o petróleo: Reunião decisiva da OPEP em Viena

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo reúne-se hoje em Viena com o objetivo de implementar o acordo alcançado em setembro de redução da produção em cerca de um milhão de barris por dia.
  • Sergei Karpukhin/Reuters
30 Novembro 2016, 06h01

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reúne-se hoje em Viena com o objetivo de implementar o acordo delineado na Argélia para cortar a produção em cerca de um milhão de barris por dia. Em Setembro, a OPEP, que representa um terço da produção global de petróleo, acordou reduzir a produção para os 32,5-33 milhões de barris por dia contra os actuais 33,64 milhões para aumentar os preços do petróleo, que caíram para menos de metade desde meados de 2014.

Os preços do petróleo caíram ontem mais de 3% com sinais que os principais exportadores de petróleo estão com dificuldades em chegar a um acordo para cortar a produção e reduzir o excesso de oferta global.

Para Steven Santos, Gestor do BiG, “será uma reunião decisiva para a credibilidade do cartel. Se não for alcançado um acordo abrangente, a reputação do cartel cairá novamente. A reunião será também decisiva para a recta final de negociação em 2016 e para o fecho anual dos índices accionistas, na medida em que o sector de petróleo e gás natural é um dos mais importantes dentro dos principais índices”.

Membros chave da OPEP parecem estar em desacordo sobre os detalhes do plano e alguns analistas sugerem que a reunião poderá ser incapaz de produzir um acordo que possa ser posto em prática.

O ministro de Petróleo do Irão disse ontem que o país está preparado para manter sua produção de petróleo aos níveis que a OPEP estabeleceu na reunião realizada em Setembro na Argélia. “Nós vamos manter o nível de produção que decidimos na Argélia”, disse o ministro Bijan Zanganeh a jornalistas, após ser questionado se o Irão iria cortar a produção em conjunto com os outros membros da OPEP. O responsável não adiantou mais detalhes, mas os sauditas disseram que querem que o Irão e o Iraque participem no esforço de redução de produção do grupo.

Segundo a Reuters, o ministro da energia da Indonésia, Ignasius Jonan, afirmou que não tem a certeza que a OPEP consiga fechar um acordo para limitar a produção de petróleo, na reunião de hoje. “Não sei, vamos ver … O sentimento hoje é misto”, disse aos jornalistas, quando perguntado sobre as perspectivas de um acordo, avança a Reuters.

A Rússia, produtor que não é membro da OPEP, confirmou ontem que não iria comparecer à reunião do cartel, mas acrescentou que uma reunião entre o grupo e produtores não-filiados numa fase posterior é possível.

Entretanto, os ministros do petróleo da Argélia e Venezuela estiveram em Moscovo esta segunda e terça-feira, numa tentativa final para persuadir a Rússia a participar nos cortes em vez de apenas congelar a produção, que tocou novos máximos no último ano.

No domingo, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, disse que o mercado do petróleo se equilibraria em 2017, mesmo que sem a intervenção dos produtores, e que a manutenção da produção nos níveis atuais poderia ser justificada. Se3gundo a Reuters, “a declaração alimentou o desentendimento entre os exportadores de petróleo da OPEP e não-OPEP, como a Rússia, sobre quem deve cortar a produção em quanto”.

Na segunda-feira, a OPEP estava a lutar para resgatar o acordo, com os analistas a avisarem de que haverá uma forte correção de preços se eles falharem, enquanto o ministro iraquiano do petróleo disse que o país cooperaria com o grupo para chegar a um acordo “aceitável para todos”.

“Dada a multiplicidade de interesses e de economias dentro e fora da OPEP, inclino-me para a possibilidade de a divergência imperar e não se alcançar um congelamento realmente abrangente”, afirmou Steven Stantos.

Intensas negociações seriam necessárias na quarta-feira para cimentar um acordo, disseram analistas do Goldman Sachs. “As últimas notícias sugerem que, embora haja um amplo acordo sobre a justificação para um corte, as considerações políticas e as negociações de quotas a nível de país estão a impedir que seja alcançado um acordo”, disseram os mesmos analistas, citados pela Reuters.

 

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