Todos os anos, no final de cada sessão legislativa, discute-se formalmente no Parlamento Nacional o Estado da Nação, ou seja, como anda o País após mais uma sessão legislativa. Neste caso, será dentro de pouco mais de um mês e servirá para avaliar o primeiro ano completo da maioria absoluta obtida pelo Partido Socialista em janeiro do ano passado.

Na verdade, deveria ser tempo de avaliar os ferozes combates que o Estado travou e deve travar. Combates para estancar as desigualdades que se acentuaram, combate para suster os despedimentos e cortes salariais que se multiplicaram exponencialmente, combate para minimizar as dificuldades das nossas empresas e empresários, que muito têm sentido a falta de proteção e apoio do Estado.

Deveria ser tempo, pois, de dar efetivas respostas públicas às crises vividas, que, da pandemia à inflação, das taxas de juro à energia, num ápice, se tornou numa crise social e económica, afetando o país e o mundo. Deveria ser tempo de apoiar efetivamente as famílias, proteger os postos de trabalhos e rendimentos dos trabalhadores

Estas preocupações, embora comuns a todos os Partidos, pelo imprescindível assegurar do rendimento e acesso ao trabalho digno aos portugueses, garantir a estabilidade e a diminuição da precariedade, bem como a criação de emprego e a valorização salarial, deveria traduzir-se em respostas concretas para os cidadãos e para as empresas, para assegurar o apoio necessário à sustentabilidade coletiva. É isso que os portugueses anseiam.

Infelizmente, não é o que está a acontecer. Apesar de termos um governo de maioria absoluta, que deveria significar estabilidade, o que os Portugueses sentem é a ausência de medidas e um degradar acentuado das instituições, e um governo que se vai desfazendo, ou por demissões, ou por contradições, ou ainda perdido nas polémicas que protagoniza e das quais não consegue libertar-se. Ora, é claro que se o Governo falhou até agora nos apoios, com os fundos comunitários que tem ao seu dispor, com tanta inação, poucos acreditarão que não vá falhar mais.

O caminho deste Governo, nos últimos anos, foi subir impostos, aumentar os cortes no investimento e na área social, e recorrer a mais dívida pública. As reformas que deveriam ter sido realizadas para garantir sustentabilidade em setores essenciais para a sociedade não foram feitas em nome das cativações e do superavit efetuadas, fazendo-nos assistir a uma profunda degradação do serviço público.

Esperava-se que este Governo de maioria agisse e não reagisse, governasse de forma proativa e preventiva, fugisse dos intuitos eleitorais do faz de conta que faz, combatesse as injustas desigualdades regionais, desproporcional e não equitativa em matéria de coesão social, transportes e acessibilidades. Mas, ao invés, teima nos anúncios de investimentos avultados apenas em comunicação, que, na realidade, servem para pouco, e noutros apenas aumenta o caos público.

Num País que ainda não conseguiu recuperar da queda brutal do PIB em 2020, onde Portugal mergulhou na quarta maior descida da Europa, nunca como agora foi tão necessário trilhar o caminho certo do crescimento económico e do investimento público de que o país precisa e merece.

O risco da degradação e da perda de oportunidades que os apoios europeus e do PRR oferecem é grande. Não podemos facilitar nem adiar mais a resolução de problemas, em nome da enorme nação que é Portugal!