A defesa dos trabalhadores é um tema central para todos os partidos, havendo, porém, várias visões sobre qual o caminho a seguir e como se deve proceder para fazer essa defesa da melhor forma. É bom que assim seja, pois o interesse dos trabalhadores defende-se com liberdade. Liberdade de discussão, liberdade de negociação, liberdade de iniciativa e liberdade para trabalhar.

É um equilíbrio que afasta uma vontade de confronto e de antagonismo e procura harmonizar interesses para melhor servir os interesses em causa e que são, afinal, de todos, onde também se junta o resultado incontornável da negociação coletiva e os acordos alcançados em sede de Concertação Social. Aqui, para além das linhas enquadradoras dadas pelo Estado, está em causa o encontro de vontades dos protagonistas diretos do mundo do trabalho: trabalhadores e empregadores.

O sopesar dos diversos interesses em causa na relação laboral e o equilíbrio que se vai encontrando, a cada momento, são fatores indispensáveis para o desenvolvimento da economia, para promover o chamado elevador social e a indispensável paz social que todos almejamos e que é condição sine qua non do progresso dos cidadãos, das famílias, das empresas, do país. Neste quadro, vamos naturalmente encontrando diversos escolhos que temos de evitar e, se necessário, combater de forma convicta.

Os atentados aos direitos humanos, como os que ultimamente nos têm sido noticiados (ex. Odemira), são inaceitáveis e devem ser rechaçados pelo Estado de Direito de que nos orgulhamos. Práticas abomináveis de tráfico de pessoas, exploração miserável e sem escrúpulos, que não respeita o quadro legal e cultural de que somos penhor, não podem acontecer.

Que não haja dúvidas: tais práticas, atentatórias da liberdade e respeito pelo próximo, que defendemos até às últimas consequências, não são parte de nós, não são livre iniciativa, pública ou privada. São crime. E como crime que são devem ser perseguidas e julgadas. Com mão firme, mas com justiça, no quadro legal existente e sem hesitação.

Todos temos de estar do lado da liberdade, do respeito ao próximo, da dignificação do trabalho e pela esperança, a cada dia renovada, de um país mais desenvolvido, mais equitativo, mais justo e respeitador dos direitos humanos. E não há empresas sem trabalhadores, nem trabalhadores sem empresas.

Assim, hoje, mais do que nunca, é hora de agir, porque temos um combate feroz pela frente, um combate para travar as desigualdades que se acentuam, um combate para travar os despedimentos e os cortes salariais que crescem exponencialmente, e um combate para minimizar as dificuldades das nossas empresas e dos empresários que têm sentido a falta de proteção e apoio do Estado. Pois, na verdade, e para o futuro do trabalho, não basta criar comissões ou as bases de um livro verde das relações laborais, que já tinha sido anunciado em 2016 (e que é legítimo questionar o que será mesmo para implementar?).

Como refere a OIT, o trabalho digno para todos deve ser colocado no centro das políticas do crescimento e do desenvolvimento sustentável e inclusivo. E o momento atual é de investir sem reservas, protegendo as pessoas, o emprego e a economia. E temos de estar juntos nesta luta pela sobrevivência coletiva, para proteger e apoiar os nossos trabalhadores e as nossas empresas.