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Dilma Rousseff contesta série da Netflix sobre a operação Lava Jato

“A série O Mecanismo, da Netflix, é mentirosa e dissimulada. O diretor inventa factos. Não reproduz “fake news” [notícias falsas]. Ele próprio tornou-se um criador de notícias falsas”, acusou Dilma Rousseff.
27 Março 2018, 20h28

A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acompanhada por uma parte da esquerda brasileira, criticou a Netflix após o lançamento da série “O Mecanismo“, que recria o maior escândalo de corrupção da história do país, a Operação Lava Jato.

A série é dirigida pelo cineasta José Padilha, ligado à produção e realização dos filmes “Tropa de Elite 1”, “Tropa de Elite 2” e da série “Narcos”, tem sido acusada de retratar factos fictícios como verdadeiros, dando suporte a”notícias falsas”.

A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, é uma das principais figuras de partidos da esquerda brasileira contra o Netflix alegando que a série faz “campanha política no Brasil”, em ano eleitoral.

Na sua conta Twitter, Dilma Rousseff tem dedicado várias publicações à série e a José Padilha. Numa das suas mensagens, a ex-líder política do Partido dos Trabalhadores (PT) acusou o cineasta brasileiro de “assassinar reputações”.

Noutra publicação pode ler-se: “A Netflix não sabe onde se meteu”, escreveu a ex-Presidente, afastada do poder pelo Congresso brasileiro em 2016 após ser considerada culpada de cometer crimes fiscais.

Dilma Rousseff também emitiu uma nota na qual afirmou que, com “o propósito de contar a história da Lava-Jato numa série “baseada em fatos reais”,  José Padilha incorre na “distorção da realidade e na propagação de mentiras de toda sorte para atacar a mim e ao presidente Lula [da Silva]”.

“A série O Mecanismo, da Netflix, é mentirosa e dissimulada. O diretor inventa factos. Não reproduz “fake news” [notícias falsas]. Ele próprio tornou-se um criador de notícias falsas”, acrescentou Dilma Rousseff.

A série “O Mecanismo” é inspirado na operação “Lava Jato”, que investiga uma rede de corrupção na estatal petrolífera Petrobras cujos desdobramentos a transformaram na maior operação de combate à corrupção do Brasil.

Antes de cada episódio começar, surge a mensagem “obra de ficção inspirada em fatos reais”. Mesmo assim, Dilma Rousseff considera que a produção é “mentirosa” e promove a “deturpação” de factos.

A trama da história decorre entre 2003 e 2014, durante as governações de Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos figuras de proa do PT, que na ficção são retratados pelas personagens João Higinio e Janete. Em “O Mecanismo”, as personagens são facilmente identificáveis,

O diretor da série José Padilha já respondeu às críticas de Dilma Rousseff, alegando que a esquerda brasileira “tornou-se tão hipócrita como a direita”. “Não acho que estou espalhando notícias falsas. Será que falar sobre corrupção dos partidos que operam no país são notícias falsas?” – afirmou Padilha ao jornal “O Globo“.

O realizador considerou ainda “patético” o movimento criado nas redes sociais para que os utilizadores cancelassem assinaturas da Netflix.

Para José Padilha,  a série mostra a enorme teia de corrupção levada a cabo por vários partidos brasileiros, incluindo o PT e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do presidente Michel Temer.

A corrupção no Brasil é, para Padilha, “um cancro que luta para continuar existindo e na maioria das vezes consegue”.

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