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Diretas do PSD não tiverem um único eleitor em quatro concelhos

Alentejo e Algarve foram as zonas onde a participação na primeira volta foi ainda mais baixa. Mesmo ficando à beira da maioria absoluta, Rui Rio perdeu sete mil votos em relação a 2018 e teve o pior número de votos de um candidato mais votado desde que o PSD passou a chamar os militantes a escolher o presidente do partido nas urnas.
14 Janeiro 2020, 08h03

A fraca afluência dos militantes sociais-democratas na primeira volta das eleições diretas para a presidência do PSD, com pouco mais de 31 mil votos, traduziu-se em casos extremos como os de quatro concelhos portugueses em que ninguém foi votar em Rui Rio, Luís Montenegro – os dois candidatos mais votados, que passaram à segunda volta marcada para o próximo sábado – ou Miguel Pinto Luz.

Foram contabilizados zero votos nos concelhos alentejanos de Monforte, Mora e Cuba, e no concelho açoriano do Corvo, enquanto apenas dois militantes com as quotas de janeiro em dia exerceram o direito a escolher a nova liderança em Campo Maior, Gavião, Portel, Aljustrel, Barrancos, Ferreira do Alentejo, Mértola e Aljezur, mostrando a enorme desmobilização dos sociais-democratas nos distritos do Alentejo e do Algarve. Entre estes concelhos verificaram-se empates entre Rio e Montenegro em Campo Maior, Gavião, Aljezur e Portel, um empate entre Montenegro e Pinto Luz em Mértola, e houve unanimidade (ainda que reduzida a dois votos válidos) em relação a Rio (Aljustrel e Ferreira do Alentejo) ou a Montenegro (Barrancos).

Além destes concelhos ainda não foram contabilizados os votos na Região Autónoma da Madeira, devido à diferença de interpretação entre as estruturas nacional e regional quanto às condições necessárias para os militantes poderem participar no processo eleitoral, mas entre os votos ainda por apurar encontram-se um único em Porto Moniz, dois em Porto Santo e São Vicente ou apenas três em Machico, Ribeira Brava e Santana. De igual modo, um trio de participantes na primeira volta das diretas também foi o melhor que o PSD conseguiu no concelho algarvio de Vila do Bispo, nos concelhos alentejanos de Alandroal e Castro Verde e no concelho açoriano de São Roque do Pico.

Rio ficou abaixo de Ferreira Leite

O atual líder do partido, Rui Rio, foi o candidato mais votado na primeira volta das diretas, com 15.537 votos, ficando à beira da maioria absoluta (49,23%), bastante à frente do ex-líder do grupo parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, que obteve 13.077 votos (41,52%), deixando para a terceira posição o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, com 2915 votos (9,24%).

Desde que os resultados foram conhecidos já vários apoiantes de Pinto Luz, incluindo o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares Miguel Relvas e os presidentes das distritais de Lisboa – Área Metropolitana e de Setúbal, Ângelo Pereira e Bruno Vitorino, anunciaram apoio a Luís Montenegro na segunda volta. Não foi esse, pelo menos até agora, o entendimento do vice-presidente da Câmara de Cascais, que garantiu manter-se em silêncio até ao desfecho das eleições diretas.

Apesar da vitória, Rui teve muito menos votos do que em dezembro de 2018, quando conseguiu o apoio de 22.728 militantes, contra os 19.244 que preferiam Pedro Santana Lopes, que pouco depois saiu do PSD para fundar o Aliança.

Aliás, nunca um candidato mais votado teve tão poucos votos quanto Rio conseguiu no sábado passado, sendo essa barreira superada mesmo quando não havia qualquer opositor, como sucedeu com Pedro Passos Coelho em 2012, 2014 e 2016 ou Marques Mendes em 2006.

Até agora, a votação mais baixa pelo candidato mais votado numas diretas disputadas por vários candidatos pertencera a Manuela Ferreira Leite, que em 2008 não foi além de 17.278 votos, ultrapassando ainda assim Passos Coelho e Santana Lopes.

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