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Diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade diz que UE precisa de mais 500 mil milhões pelo menos

“Diria que, para a segunda fase [de combate à crise associada à pandemia] precisamos de pelo menos mais 500 mil milhões de euros das instituições europeias, mas pode ser mais”, afirmou Klaus Regling ao jornal italiano Corriere della Sera.
19 Abril 2020, 13h59

O diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), Klaus Regling. considera que a União Europeia (UE) precisará de “pelo menos” mais 500 mil milhões de euros, numa segunda fase de combate à crise económica que a pandemia da Covid-19 está a gera, segundo declarações deste responsável ao jornal italiano Corriere della Sera, este domingo, 19 de abril.

“Diria que, para a segunda fase [de combate à crise associada à pandemia] precisamos de pelo menos mais 500 mil milhões de euros das instituições europeias, mas pode ser mais”, afirmou Regling.

Para o responsável máximo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Bruxelas terá de vir a “discutir novos instrumentos com mente aberta” e a ter de usar as instituições existentes, o que poderá significar vir a ter de recorrer ao orçamento da União Europeia.

“A condicionalidade acordada no início não vai mudar durante o período em que a linha de crédito estiver disponível. O Eurogrupo tem isso claro, dizendo que o único requisito para se obter o empréstimo só está na forma como que se gasta o dinheiro”, acrescentou Klaus Regling quando questionado sobre as condições de acesso aos empréstimos da União Europeia.

Quando o Eurogrupo anunciou o apoio às economias dos Estados-membros da UE com uma linha de 540 mil milhões de euros, em 9 de abril, a declaração dos ministros das finanças evidenciaria a existência de “condicionalidades” para garantir o acesso às verbas excecionais comunitárias. Regling considerou tratar-se de um “mal-entendido” por quem assim entendeu.

O Eurogrupo chegou no dia 9 de abril a acordo para uma resposta económica em torno de um pacote com “redes de segurança” para trabalhadores, empresas e Estados-membros que ascende a 540 mil milhões de euros, segundo Mário Centeno, presidente do Eurogrupo.

Regling salientou que, posteriormente, “todos os Estados-membros da União Europeia permanecem comprometidos em fortalecer os seus dados essenciais de acordo com o modelo de supervisão europeu, incluindo a sua flexibilidade”.

“Isto também está no comunicado do Eurogrupo. Mas isto não é, claramente, uma condição para o empréstimo. Quaisquer preocupações que tenham sido levantadas têm de ser postas de lado”, comentou.

Sobre a emissão de dívida conjunta, as chamadas eurobonds, o diretor do Mecanismo Europeu de Etabilidade acreditar que serão necessários “novos instrumentos e talvez novas instituições para apoiar a fase de recuperação económica”, mas que isso “levaria algum tempo”.

“Se se decidir, por exemplo, emitir coronabonds, seja de que forma for, não haverá dinheiro a chegar antes do próximo ano. Eu sei disto pela minha experiência ao construir o MEE e o organismo que o precedeu, o FEEF [Fundo Europeu de Estabilidade Financeira]”, declarou.

Para o economista alemão a diferença entre a crise de hoje e o que aconteceu há uma década são os “erros políticos”. “Os problemas não foram causados por um choque inesperado que afetou toda a gente, como acontece hoje, mas por erros de política económica da década anterior”, disse Regling.

“Mas isso é história: hoje estamos a propor um instrumento completamente diferente”, concluiu.

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