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Diretora do SEF admite que cidadão ucraniano foi vítima de tortura no aeroporto de Lisboa

A diretora do SEF admite que a descrição do crime é “medonha, hedionda” e garante que o SEF já criou “um novo regulamento que impõe muito mais regras de muito mais controlo por parte das pessoas que têm que garantir a assistência a estes cidadãos estrangeiros”.
16 Novembro 2020, 11h11

A diretora nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Cristina Gatões, admitiu que o cidadão ucraniano morto no aeroporto de Lisboa, Ihor Homenyuk, foi vítima de tortura.

Em declarações à “RTP” sobre o que aconteceu entre os dias 10 e 12 de março, Cristina Gatões respondeu: “tudo”. “As investigações e tudo o que foi apurado até ao momento indicam que um cidadão ucraniano sofreu aqui tratamentos que conduziram à sua morte”, garantiu a diretora do SEF apontando que “a descrição que é feita em relatórios policiais é medonha, hedionda, inqualificável”

Cristina Gatões retrocede ao mês de março e explica que soube apenas “aquilo que me foi comunicado”. “Tinha havido um cidadão estrangeiro que tinha morrido na sequência de uma paragem cardiorrespiratória na sequência de uma crise convulsiva”, recorda.

A diretora do SEF garante não saber porque lhe esconderam a verde e quando questionada sobre se seria admissível que a responsável pelo SEF não tivesse tal informação, Cristina Gatões assegurou que “não, de todo”. Contudo, garante que “toda a gente sabe que a acontecer o que aconteceu jamais haveria qualquer branqueamento, qualquer ação por parte da direção nacional que não fosse de condenação”.

“O que se passou aqui, não tenho grandes dúvidas que foi uma situação de tortura evidente”, conta Cristina Gatões sublinhando que “neste momento aquilo que fizemos foi avaliar tudo o que era segurança e criar, criamos um novo regulamento que impõe muito mais regras de muito mais controlo por parte das pessoas que têm que garantir a assistência a estes cidadãos estrangeiros”.

Ainda não falou com a família da vítima por não querer “branquear mais uma vez as responsabilidades que o SEF possa ter também perante essa família” e afirma que nunca pensou em demitir-se. “Não iria introduzir nenhuma mudança positiva”, disse Cristina Gastões que considera esta uma “responsabilidade à qual não poderia fugir”.

Quanto aos inspetores que estão a ser acusados pelo crime, a diretora do SEF explica que ainda não apurou o porquê do crime e diz que “primeiro quer que sejam assegurados os direitos enquanto arguidos”.

Ihor Homenyuk chegou a Portugal vindo da Turquia a 10 de março e morreu a 12 de março no Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa.  Os inspetores do SEF, de 42, 43 e 47 anos, estão em prisão domiciliária depois de em março terem sido detidos. No final de setembro, foram acusados de homicídio qualificado em coautoria e de posse de arma proibida, crimes pelas quais ainda vão responder.

 

 

 

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