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Discórdia em torno das ‘coronabonds’? França propõe fundo europeu para fazer face à crise económica

O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, disse que a república francesa está a considerar um fundo de resgate comum, limitado entre cinco e dez anos, destinado a impulsionar a recuperação económica depois da crise e que poderia ser uma alternativa à emissão de dívida europeia.
1 Abril 2020, 13h20

A nível europeu, sucedem-se as propostas de instrumentos para a União Europeia (UE) e a zona euro fazerem face à crise económica causada pelo novo coronavírus. Depois de o Eurogrupo ter admitido a possibilidade de lançar linhas de crédito ao abrigo do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e da emissão de dívida comum europeia (as chamadas ‘coronabonds’), que causou dissidências entre os países da zona euro, a França surge agora com a possibilidade de ser lançada um fundo de resgate comum, um instrumento para responder à crise económica.

Em entrevista ao “Financial Times”, o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, disse que a república francesa está a considerar um fundo de resgate comum, limitado entre cinco e dez anos, destinado a impulsionar a recuperação económica depois da crise.

“Estamos a equacionar um fundo que seria limitado no tempo com possibilidade de endividamento no longo-prazo para responder à crise”, disse Bruno Le Maire. “É vital manter as portas abertas para o longo-prazo, com instrumentos de âmbito alargado que nos poderão dar resposta à situação económica no ‘pós-guerra'”, adiantou.

A ideia de criar um fundo de resgate comum a nível europeu derivou da hipótese de serem emitidas as ‘coronabonds’.

Bruno Le Maire realçou que há espaço para o compromisso nas próximas reuniões entre os 19 membros da zona euro e entre os 27 Estados membros da UE. “Não devemos estar obcecados com as palavras ‘coronabonds’ ou ‘eurobonds‘. Temos é de estar obcecados com a necessidade de haver um instrumento forte que nos ajude na recuperação da economia depois da crise”, vincou o ministro francês.

Na semana passada, o primeiro-ministro português, António Costa, juntou-se a oito outros líderes europeus, subscrevendo uma carta dirigida ao presidente do Conselho Europeu a reclamar a implementação de um instrumento europeu comum de emissão de dívida para enfrentar a crise provocada pela covid-19.

No entanto, a emissão de ‘coronabonds’ criou dissidências entre os países da zona euro, com o ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, a ser o opositor de voz mais altiva, defendendo mesmo que a Comissão Europeia deveria investigar por que razões é que a Espanha e outros países do Sul da Europa não têm folga orçamental para combater a crise.

António Costa qualificou esta posição como “repugnante”, tendo Wopke Hoekstra fazendo um ‘mea culpa‘ esta terça-feira, ao reconhecer que lhe faltou empatia.

“Um fundo de cinco a dez anos – com um tempo de vida limitado – e com a possibilidade de ter dívida comum mas apenas no âmbito desse fundo, que poderá ser aceitável para outros países, poderá constituir uma solução”, salientou Bruno Le Maire.

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