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Do “desertor” à desilusão. Flamengo só queria um novo treinador mas gerou ondas de choque de Portugal à Polónia

Existem apenas duas certezas neste processo: o sucessor de Renato Gaúcho seria português e a sua saída faria mossa, fosse qual fosse a escolha. Em Portugal, Jorge Jesus está cada vez mais desgastado; na Polónia, o mundo parece ter caído em cima de Paulo Sousa.
  • Jorge Jesus
27 Dezembro 2021, 17h40

A derrota do Flamengo na final da Taça Libertadores – também às mãos de um português: Abel Ferreira – gerou uma sucessão de eventos que iriam gerar alguns percalços que atingem o futebol português e o polaco, em diferentes níveis.

A 29 de novembro, e com a derrota na Libertadores para o Palmeiras e a perda do ‘Brasileirão’ para o Atlético Mineiro, o treinador Renato Gaúcho foi sacrificado do cargo de técnico principal do Flamengo. No entanto, este treinador já tinha rendido Rogério Ceni, que por sua vez já tinha substituído Domenèc Torrent.

Desde que Jorge Jesus rescindiu com o Flamengo para assinar com o SL Benfica, nenhum técnico aqueceu o banco do clube carioca. Desde a saída do técnico português, em julho de 2020, o Flamengo já despachou sete treinadores, entre técnicos principais e interinos.

Com 42 milhões de adeptos (de acordo com uma estimativa de 2021) aparentemente difíceis de satisfazer, Marcos Braz e Bruno Spindel, dirigentes do clube carioca, rumaram a Portugal em busca do novo treinador. Apenas duas certezas neste processo: o sucessor de Renato Gaúcho seria português e a sua saída faria mossa, fosse qual fosse a escolha.

Jesus: do desejado à desilusão

Com uma lotação de quase 80 mil pessoas, o Estádio do Maracanã é um dos maiores talismãs do futebol mundial. E quando quase 80 mil vozes cantam (e exigem) o nome de um treinador, é difícil que os seus responsáveis ignorem estes cânticos.

Não haja dúvidas: Jorge Jesus era o desejado. Ao serviço do Flamengo, Jorge Jesus conquistou seis troféus em pouco mais de um ano, incluindo a Taça Libertadores e o campeonato brasileiro.

O objetivo era difícil de atingir mas o desgaste contínuo que o técnico português tem vindo a denotar nos últimos meses acrescido a uma época onde o maior investimento de sempre não resultou, deixava uma réstia de esperança. Junte-se a isso os seis meses para o final do contrato (sem qualquer perspetiva de renovação) e dois clássicos com um FC Porto muito motivado: o guião estava pronto para uma novela de final de ano.

A TV Globo divulgou uma mensagem via WhatsApp trocada entre um jornalista da rede e Jorge Jesus. Questionado sobre a possibilidade de rumar ao Flamengo, o treinador do SL Benfica terá respondido: “Isto não é o que eu quero, ou o que o Flamengo quer. Tenho contrato até maio. Não tenho hipóteses de sair antes”. O 3-0 na Taça de Portugal fez abanar o treinador português mas o tira-teimas será ainda antes do final do ano.

Com Jesus preso a mais seis meses de contrato, Marcos Braz e Bruno Spindel avançaram para outro alvo: Paulo Sousa. A escolha terá deixado desiludido o técnico do SL Benfica que, de acordo com a Goal.com, terá ficado desiludido pelo facto de os dirigentes do Flamengo não terem esperado um pouco mais para contratar. Com a chegada a acordo com Paulo Sousa, outra novela começou, desta vez em polaco.

“Desertor”. Polónia arrasa Paulo Sousa

O Flamengo terá chegado a acordo com o treinador português Paulo Sousa e o mundo (pelo menos o polaco), caiu em cima do antigo internacional português, vencedor da Liga dos Campeões pela Juventus e Borussia Dortmund em duas épocas consecutivas. A manchete do jornal “Przegląd Sportowy” dá eco à fúria dos polacos: “Desertor.”

À indignação do capitão Robert Lewandowski juntou-se à fúria do presidente da Federação Polaca de Futebol face à decisão do técnico português que assumiu esta seleção em janeiro deste ano. O presidente desta Federação, Cezary Kulesza, afirmou este domingo que recebeu um pedido do português Paulo Sousa para rescindir o contrato de selecionador devido a uma oferta de um clube, algo que foi “recusado firmemente”.

“Hoje fui informado pelo Paulo Sousa que queria rescindir o contrato com a federação polaca por causa de uma oferta de um clube. Este é um comportamento extremamente irresponsável, inconsistente com as declarações anteriores do treinador. Portanto, recusei firmemente”, refere o presidente numa mensagem na sua conta pessoal do Twitter, que foi partilhada pela federação.

Ao serviço da seleção polaca, o técnico foi eliminado ainda na fase de grupos do Euro2020, disputado em 2021 devido à pandemia de covid-19, e terminou o apuramento para o Mundial2022 em segundo no grupo I, atrás da Inglaterra, disputando agora o ‘play off’ frente à Rússia, cujo vencedor vai enfrentar a Suécia ou República Checa por um lugar no Qatar.

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