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Do SL Benfica ao 25 de Abril: as polémicas que envolveram Pedro Adão e Silva antes de ser ministro

Previu com um mês de antecedência a queda de Vieira do SL Benfica e viu Marcelo sair em sua defesa quando foi escolhido para organizar uma festa em 2024. Pedro Adão e Silva, o escolhido de António Costa para assumir o cargo de ministro da Cultura, não vira a cara a uma boa polémica. Recorde alguns dos episódios que expuseram o sociólogo no panorama mediático.
  • Mário Cruz/Lusa
25 Março 2022, 17h00

Do SL Benfica (onde foi apoiante e passou a opositor de Luís Filipe Vieira) ao cargo de comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, Pedro Adão e Silva, o escolhido de António Costa para assumir o cargo de ministro da Cultura, não vira a cara a uma boa polémica. Recorde alguns dos episódios que expuseram o sociólogo no panorama mediático.

Festa daqui a dois anos vale 4.500 euros por mês
A escolha de Pedro Adão e Silva para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, em junho de 2021, gerou enorme polémica entre os partidos da oposição e um burburinho nas redes sociais, causada sobretudo pelos valores e das regalias que o sociólogo iria usufruir: 4.500 euros brutos por mês só para o comissário executivo (cerca de 300 mil euros até ao final de 2026, tempo de vida da estrutura de missão das comemorações tendo em conta que foi em 1976 que se aprovou a Constituição e foram feitas as primeiras eleições legislativas), com direito a motorista e uma equipa de oito pessoas. Esta equipa seria constituída por três adjuntos, três técnicos especialistas e um secretário pessoal: elementos equiparados a membros do gabinete de membro do Governo. Além disso, Adão e Silva e o seu adjunto poderiam manter as suas funções de docentes, já que o futuro ministro da Cultura foi professor universitário na Escola de Sociologia e Políticas Públicas do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) até 2021, ano em que suspendeu estas funções.

“Absolutamente escandaloso”
Entre as críticas mais contundentes esteve a do presidente do PSD, Rui Rio que qualificou esta nomeação como “absolutamente escandalosa” e que poderia “perfeitamente ler-se que é um pagamento pelos serviços prestados ao PS com impostos dos portugueses”. Note-se que Pedro Adão e Silva é analista político no programa “Bloco Central”, na TSF, faz comentários políticos na RTP (no programa “O Outro Lado”) e é ainda colunista do semanário “Expresso”. A propósito desta nomeação, Francisco Rodrigues dos Santos, líder demissionário do CDS, acusou mesmo o Governo de “não olhar a meios para promover um dos seus protegidos do ‘socialistão’”. O primeiro-ministro António Costa optou por desvalorizar estas críticas. No mesmo mês em que foi conhecida a nomeação, Marcelo Rebelo de Sousa tratou de meter água na fervura: garantiu que a escolha foi feita com o seu aval e que foi muito consensual, tendo em conta os traços de “historiador” e de “politólogo atento à realidade contemporânea do país”.

Polémica segue… no Twitter
Se a nível institucional, a declaração de Marcelo apaziguou as hostes, o mesmo não aconteceu nas sempre atentas e mordazes redes sociais, particularmente no autêntico “caldeirão” do Twitter. Criada em junho de 2021, mês e ano da nomeação de Pedro Adão e Silva, a conta do Twitter “Empadão e Silva” (cuja biografia mencionava os 4.500 euros por mês que o comissário iria ganhar para organizar uma festa em 2024), tinha uma premissa simples: contabilizar diariamente os 150 euros diários auferidos pelo sociólogo enquanto comissário das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e fazer a conta global no valor ganho. No dia em que se conheceu a sua nomeação para ministro da Cultura, a página fez as contas: foi um total de 44.100 euros: “Não precisei de fazer nadinha, nem um site”, pode ler-se na última publicação. À data, este perfil conta com quase 3.500 seguidores.

Benfica: de fã a crítico de Vieira
“Devo dizer que tenho uma convicção de que este mandato de Luís Filipe Vieira não vai chegar ao fim”. No final de maio de 2021, e com o SL Benfica mergulhado numa crise desportiva no regresso de Jorge Jesus aos ‘encarnados’ (o clube terminaria essa Liga portuguesa em terceiro lugar), Pedro Adão e Silva, candidato a vice-presidente na lista de João Noronha Lopes no escrutínio que elegeu Luís Filipe Vieira como presidente do SL Benfica, colocou em cima da mesa um cenário que viria a concretizar-se com estrondo pouco mais de um mês depois destas declarações. À rádio “Antena 1”, o assumido benfiquista falou de irregularidades desse processo eleitoral mas mostrou-se convicto que Luís Filipe Vieira não seria presidente até 2024. E teve razão. A 7 de julho de 2021, o ex-presidente do SL Benfica foi um dos quatro detidos no âmbito da operação “Cartão Vermelho”, numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.
Pedro Adão e Silva tornou-se nos últimos anos um dos rostos da oposição das direções de Luís Filipe Vieira, sendo mesmo visto como o verdadeiro ideólogo da candidatura de João Noronha Lopes em outubro de 2020. No entanto, esta é uma realidade recente já que o adepto e sócio dos “encarnados” manteve-se ao lado de Vieira quando os media insistiam na questão dos e-mails do Benfica e criticando aquele que é visto como o rosto dessa divulgação: o hacker Rui Pinto. Com a ausência de resultados desportivos e o regresso de Vieira a escolhas do passado, como Jorge Jesus, Pedro Adão e Silva uma das vozes mais fortes da oposição do SL Benfica.

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