Depois de os Estados Unidos ter reconhecido Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, numa clara tentativa de afastar Nicolás Maduro da presidência daquele país, o presidente norte-americano, Donald Trump, mostra-se agora disponível para reunir com Maduro.
Numa entrevista ao site noticioso Axios, Donald Trump não rejeitou a possibilidade de vir a reunir com o seu homólogo da Venezuela e relativizou a oposição de Guaidó a Maduro.
“Talvez pudesse pensar sobre isso. […] Maduro gostaria que nos encontrássemos. E nunca sou contra as reuniões – sabe, raramente me oponho às reuniões. […] Digo sempre que não se perde muito em encontrar-nos. Mas, por enquanto, tenho recusado”, afirmou Donald Trump à Axios.
Embora tenha reiterado “firme oposição ao que está a acontecer na Venezuela”, o chefe de Estado norte-americano afirmou que concordou em reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela por julgar que não “tivesse um grande significado, de uma forma ou de outra”.
De acordo com o artigo da Axios, no decorrer da entrevista, Trump “deu a entender que não confiava muito em Guaidó”. A entrevista surge numa altura em que o ex-conselheiro de Trump para a Segurança, John Bolton, se prepara para publicar um livro sobre a administração Trump.
Relativamente à Venezuela, Maduro e Guaidó, Bolton escreve no seu livro, segundo a Axios, que Trump considera Guaidó um líder “fraco” e Maduro um líder “forte”.
O clima político venezuelano assiste a uma luta pelo poder entre Maduro e Guaidó desde janeiro de 2019. Juan Guaidó foi escolhido para ser presidente da Assembleia Nacional daquele país, em 5 de janeiro de 2019, depois de as eleições no final de 2018 determinarem que Maduro perdera o apoio da maioria parlamentar para o conjunto de forças opositoras ao seu governo. Assim, em 23 de janeiro desse ano, Juan Guaidó autoproclamou-se presidente interino do país, depois de ter anunciado que o Parlamento venuzuelano não reconhecia o governo de Maduro.
O momento marcou o início de uma série de tentativas de retirar Maduro da presidência da Venezuela, no início do segundo mandato do líder do Partido Socialista Unido da Venezuela. Com os EUA à cabeça, quase 60 países reconheceram Juan Guaidó como chefe de Estado interino da Venezuela. Mas do outro lado da barricada, Maduro recebia o apoio da China e da Rússia.
Desde então que a Venezuela está sujeita a sanções impostas pela Casa Branca.
Em março de 2020, o sistema de justiça dos EUA indiciou Nicolás Maduro por “narcoterrorismo”, estipulando uma recompensa de 15 milhões de dólares pela sua prisão. Esta facto torna, por isso, surpreendente a disponibilidade de Trump em encontrar-se com Maduro.
Nesse mesmo mês, Washington propôs uma nova “estrutura para uma transição democrática” na Venezuela, exortando Guaidó a afastar-se e esperar por eleições presidenciais “livres e justas”. O apelo norte-americano foi visto como um reconhecimento da própria Casa Branca que a estratégia de expulsar Guaidó tinha fracassado. Maduro rejeitou, então, dar seguimento ao apelo norte-americano.
No início de maio, o governo venezuelano declarou que impediu uma “invasão” em duas localidades no norte da Venezuela, destinada a realizar um “golpe” contra Maduro. A Venezuela adiantou que prendera 52 pessoas, incluindo dois ex-soldados norte-americanos. Trump garantiu, contudo, que os Estados Unidos não estavam por trás da referida operação.
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