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Donald Trump disponível para se reunir com Nicolás Maduro

Numa entrevista ao site noticioso Axios, Trump não rejeitou a possibilidade de vir a reunir com o seu homólogo da Venezuela e relativizou a oposição de Guaidó a Maduro. A Venezuela assiste desde janeiro de 2019 a uma luta pelo poder entre Maduro e Guaidó, com o último a ter apoio dos EUA.
  • Donald Trump
22 Junho 2020, 11h29

Depois de os Estados Unidos ter reconhecido Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, numa clara tentativa de afastar Nicolás Maduro da presidência daquele país, o presidente norte-americano, Donald Trump, mostra-se agora disponível para reunir com Maduro.

Numa entrevista ao site noticioso Axios, Donald Trump não rejeitou a possibilidade de vir a reunir com o seu homólogo da Venezuela e relativizou a oposição de Guaidó a Maduro.

“Talvez pudesse pensar sobre isso. […] Maduro gostaria que nos encontrássemos. E nunca sou contra as reuniões – sabe, raramente me oponho às reuniões. […] Digo sempre que não se perde muito em encontrar-nos. Mas, por enquanto, tenho recusado”, afirmou Donald Trump à Axios.

Embora tenha reiterado “firme oposição ao que está a acontecer na Venezuela”, o chefe de Estado norte-americano afirmou que concordou em reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela por julgar que não “tivesse um grande significado, de uma forma ou de outra”.

De acordo com o artigo da Axios, no decorrer da entrevista, Trump “deu a entender que não confiava muito em Guaidó”. A entrevista surge numa altura em que o ex-conselheiro de Trump para a Segurança, John Bolton, se prepara para publicar um livro sobre a administração Trump.

Relativamente à Venezuela, Maduro e Guaidó, Bolton escreve no seu livro, segundo a Axios, que Trump considera Guaidó um líder “fraco” e Maduro um líder “forte”.

O clima político venezuelano assiste a uma luta pelo poder entre Maduro e Guaidó desde janeiro de 2019. Juan Guaidó foi escolhido para ser presidente da Assembleia Nacional daquele país, em 5 de janeiro de 2019, depois de as eleições no final de 2018 determinarem que Maduro perdera o apoio da maioria parlamentar para o conjunto de forças opositoras ao seu governo. Assim, em 23 de janeiro desse ano, Juan Guaidó autoproclamou-se presidente interino do país, depois de ter anunciado que o Parlamento venuzuelano não reconhecia o governo de Maduro.

O momento marcou o início de uma série de tentativas de retirar Maduro da presidência da Venezuela, no início do segundo mandato do líder do Partido Socialista Unido da Venezuela. Com os EUA à cabeça, quase 60 países reconheceram Juan Guaidó como chefe de Estado interino da Venezuela. Mas do outro lado da barricada, Maduro recebia o apoio da China e da Rússia.

Desde então que a Venezuela está sujeita a sanções impostas pela Casa Branca.

Em março de 2020, o sistema de justiça dos EUA indiciou Nicolás Maduro por “narcoterrorismo”, estipulando uma recompensa de 15 milhões de dólares pela sua prisão. Esta facto torna, por isso, surpreendente a disponibilidade de Trump em encontrar-se com Maduro.

Nesse mesmo mês, Washington propôs uma nova “estrutura para uma transição democrática” na Venezuela, exortando Guaidó a afastar-se e esperar por eleições presidenciais “livres e justas”. O apelo norte-americano foi visto como um reconhecimento da própria Casa Branca que a estratégia de expulsar Guaidó tinha fracassado. Maduro rejeitou, então, dar seguimento ao apelo norte-americano.

No início de maio, o governo venezuelano declarou que impediu uma “invasão” em duas localidades no norte da Venezuela, destinada a realizar um “golpe” contra Maduro. A Venezuela adiantou que prendera 52 pessoas, incluindo dois ex-soldados norte-americanos. Trump garantiu, contudo, que os Estados Unidos não estavam por trás da referida operação.

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